Argentina: entenda porque avanço de candidato da direita levou a desvalorização cambial e volatilidade na Bolsa

Em um país que beira a insolvência e inflações estratosféricas, a Argentina convive com mais de dez cotações diferentes para o dólar.

Na esteira dos resultados das eleições primárias deste domingo (13), com avanço do candidato de extrema-direita Javier Milei (La Libertad Avanza), o mercado cambial sofreu mais choques.

O dólar blue, o câmbio paralelo da Argentina, deu um salto e agora é negociado a $695 na venda. Já o câmbio oficial disparou 20% e bateu nos $350.

A primeira taxa a reagir foi o dólar cripto – uma média de cotações nas operações com criptomoedas –, que subia 5% logo após os primeiros resultados eleitorais.

E mais: para pôr freios tanto na inflação como no dólar paralelo, o BC argentino elevou a taxa básica de juros em 21%, fixando-a agora em 118%.

Já o índice Merval, o principal da Bolsa de Valores de Buenos Aires, opera com forte volatilidade, recuperando-se após um tombo no começo do pregão desta segunda (14).

O índice Merval é composto por 20 ações – incluindo a petrolífera YPF e o grupo financeiro Galícia – e curiosamente é uma das bolsas com melhor desempenho no acumulado de 2023, com alta de mais de 130%.

Entre as propostas de Milei (que é deputado e economista) para a economia estão dolarizar a economia, privatizar estatais, baixar o gasto público e até extinguir o Banco Central local.

Midiático e polarizador, o avanço de Milei é considerado tanto uma surpresa como uma deterioração da reputação do establishment econômico e da classe política argentinos.

As primárias definem as chapas que estarão nas eleições presidenciais de outubro próximo e um triunfo de Milei rumo à Casa Rosada pode trazer ainda mais turbulência ao país.