O Carrefour (CRFB3) enfrenta um dos momentos mais desafiadores de sua história recente, após a decisão da matriz francesa de interromper a compra de carnes do Mercosul gerar uma reação contundente de produtores brasileiros e autoridades locais.
O impasse, que culminou em um boicote por parte de frigoríficos como JBS, Minerva e Marfrig, levanta dúvidas sobre o futuro operacional e financeiro do grupo no país.
A polêmica teve início no último dia 20 de novembro, quando o Carrefour anunciou que suas operações na França deixariam de comercializar carnes provenientes do Mercosul.
A medida foi motivada por pressões de agricultores franceses contra um possível acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o bloco sul-americano. Apesar de o Carrefour Brasil afirmar que suas operações não serão impactadas por esta decisão, a reação no Brasil foi imediata.
Entre os principais riscos estão o desabastecimento de carne bovina, rupturas no estoque, pressões sobre a margem bruta e aumento nos prazos de negociação com fornecedores que aceitem trabalhar com a companhia.
Segundo o BTG Pactual, cerca de 150 lojas do Carrefour podem ser diretamente impactadas. No Atacadão, que responde por 70% das vendas totais da rede, a comercialização de carne bovina representa aproximadamente 5% das vendas, e as proteínas, 10%.
As perspectivas também não são animadoras para os acionistas. Antes da crise, esperava-se uma melhora nos resultados trimestrais do Carrefour. Agora, há uma previsão de deterioração nas receitas.
Analistas da Ativa Investimentos sugerem que investidores evitem as ações CRFB3. Em contrapartida, há quem veja oportunidades para concorrentes, como o Assaí (ASAI3), que pode capturar consumidores insatisfeitos com o Carrefour (CRFB3).