Fed: como o aumento de juros nos EUA afeta pobres, SVB e até bitcoin

Política monetária do Federal Reserve segue mesma lógica de Copom e Selic

Quando alguma coisa acontece nos mercados financeiros dos EUA, o mundo inteiro fica de olho e nada tem chamado mais a atenção dos investidores nas últimas semanas do que a faixa da taxa de juros estabelecida pelo Federal Reserve, o Banco Central dos norte-americanos.

Nos últimos meses, o presidente do Fed, Jerome Powell, vem anunciando paulatinamente o aumento da curva de juros com sua política de aperto monetário no combate aos mais altos índices de inflação dos últimos 40 anos.

Em janeiro último o índice oficial apontava um avanço de 6,4% no acúmulo dos últimos 12 meses. A meta (sim, eles também tem isso) é de 2%.

A inflação aumentou muito por conta da pandemia do Covid-19 e de uma recuperação da economia muito mais rápida que o esperado pelo mercado. Houve assim um claro descompasso de atendimento da demanda.

A atual taxa de juros está na faixa de 4,5%-4,75% (há não muito tempo atrás era entre 0% e 0,25%) e o chairman do Fed já indicou que pode levá-la a valores acima dos 5%.

A lógica para essa política monetária mais hawkish é inibir a concessão de empréstimos, encarecer o crédito e financiamento e, na teoria, frear os investimentos das empresas e o consumo do mercado e da população. Ou seja, colocar demanda e oferta em sincronia.

No entanto…

Economistas e congressistas têm alertado que juros mais altos levariam a uma piora do endividamento e ao desemprego de 2 milhões de pessoas.

Ou seja, potencialmente os mais prejudicados pela política do Fed são os norte-americanos mais pobres, não seus abastados conterrâneos que mais consomem.

Mas isso não leva à recessão?

Nem sempre, mas sinais como o preço do aluguel de imóveis, nível de endividamento das famílias, desemprego e a inflação de itens básicos – como alimentação, transporte e saúde – precisam ser monitorados para o remédio não sair mais amargo que a encomenda.

Sobra até para as criptomoedas

Criptoativos como bitcoin, ethereum e NFTs são diretamente afetados pelos juros mais altos, quando os investidores migram para a renda fixa (como os bonds da dívida americana) e ficam mais aversos a arriscar seu patrimônio em produtos, digamos, mais alternativos.

Wall Street

Os altos juros vêm ajudando a desacelerar o ímpeto das bolsas norte-americanas no último ano. Os índices S&P 500 e Nasdaq Composite estão negativos no acumulado de 12 meses, apesar de operarem em alta nos primeiros meses de 2023.

Silicon Valley Bank

A quebra do SVB pode sinalizar a primeira grande vítima dos altos juros marcados pelo Fed. Sem dinheiro barato para bancar suas altas contas de desenvolvimento, as startups de tecnologia do Vale do Silício começaram a sacar seus depósitos, o banco não teve liquidez e colapsou.

E o Brasil com isso?

Especialistas divergem sobre os impactos do contínuo aperto monetário do Fed sobre a Selic aqui no Brasil. Lula, Haddad, BC e Congresso estão de olho tanto na economia externa como em fatores domésticos antes de definir nossa curva de juros.

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Só deixando os nomes dos bois um pouco mais fáceis de entender.

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