Tudo sobre o fundo do Pátria que virou pó e deixou investidores “devendo”
O preço da cota do fundo Patria Special Opportunities II ficou negativo após queda no patrimônio líquido
O preço da cota do fundo Patria Special Opportunities II ficou negativo após queda no patrimônio líquido
Os cotistas do fundo Pátria Special Opportunities II acordaram com saldo negativo. A gestora Pátria Investimentos comunicou aos investidores na segunda-feira (14) uma alteração relevante no valor da cota, que foi reduzido de R$ 10,5 para -R$ 301.
A Pátria Investimentos é uma companhia com US$ 27,3 bilhões sob gestão em produtos de investimentos em private equity, infraestrutura, real estate e crédito. Além de atuar com ativos alternativos na América Latina.
O ajuste reflete o desinvestimento integral da Portfolio Centro Sul S.A., companhia anteriormente investida pelo fundo, informou a gestora. Especialistas explicam que somente com base no fato relevante não é possível cravar o que aconteceu para tamanha desvalorização.
Mas é possível especular, já que não é a primeira vez que algo semelhante acontece em um fundo do Pátria. Em 2020, Pátria Special Opportunities I também foi reajustado e as cotas caíram 99,7%, de R$ 1 mil para R$ 4,00.
O que pode ter acontecido com o Pátria Special Oportunities II é que a gestora estava avaliando a Portfolio Centro Sul em um valor superior àquele em que o ativo é negociado no mercado. Ao fazer o desinvestimento, acabou levando um prejuízo.
Em meados de junho, um relatório do JP Morgan obtido pelo Brazil Journal já chamava a atenção para a forma como o Pátria avaliava os investimentos de seus fundos a múltiplos superiores aos de empresas semelhantes listadas.
A Hapvida (HAPV3), uma empresa do setor de saúde listada na B3, era negociada na ocasião a 16 vezes Ebitda e a um price to book de 0,6 vezes.
O prejuízo nas cotas somado à possibilidade de serem cobrados para novos aportes já está fazendo alguns investidores procurarem o Instituto Empresa, uma associação civil que defende os direitos dos minoritários.
Ao E-Investidor, o Instituto confirmou que está examinando a questão e a possibilidade de abertura de um processo na arbitragem contra o Pátria a partir dos regulamentos envolvidos.
“Note que como se tratava de um FIP, os ativos não estavam sujeitos a oscilações exógenas como preço do petróleo, efeito de guerra, mas de decisões diretas do Gestor. Isso pode gerar rompimento de deveres fiduciários e, portanto, dever do gestor indenizar”, afirma.