Light (LIGT3) na iminência de recuperação judicial?

Gatos na rede elétrica do Rio prejudicam saúde da companhia

A Light (LIGT3), concessionária de distribuição de energia elétrica no RJ, pode estar às voltas com um processo de recuperação judicial. Depois das Americanas (AMER3) e Oi (OIBR3, OIBR4), dívidas e problemas estruturais podem levar a companhia à proteção de ativos e renegociação de passivos junto aos credores.

Essa percepção foi aumentada com a contratação da Laplace, a consultoria que assessorou a Oi em sua recuperação judicial.

Mas a Light nega.

Em comunicado ao mercado, a empresa disse: “Conforme já divulgado, a Light recentemente contratou a Laplace para assessorá-la na avaliação de estratégias financeiras que viabilizem a melhoria de sua estrutura de capital e de alternativas para tanto. Portanto, não procede a informação de que a Companhia estaria na iminência de pedir recuperação judicial.”

A situação não é fácil. Segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo, a empresa precisa de R$ 3,3 bilhões nos próximos dois anos para manter o negócio de pé, e tem R$ 4 bilhões em caixa.

E mais: o Rio de Janeiro, área de atuação da companhia, é notório pelos ‘gatos’ na rede elétrica. O furto de energia a céu aberto não só significa perda de faturamento, como também leva a Light a não cumprir metas de eficiência e qualidade estabelecidas pela agência reguladora do setor, a Aneel.

Como resultado, a Light pode perder a concessão, que expira em 2026. Especialistas acreditam que os termos atuais não seriam sustentáveis.

A companhia tem prazo até junho para manifestar se fará a renovação da concessão por mais 30 anos.

Outros fatores que complicam a situação da companhia são o atual patamar dos juros – encarecendo ainda mais as dívidas – e decisões fiscais desfavoráveis à empresa (relacionadas à apuração de IRPJ e CSLL, por exemplo).

O cenário levou as agências de avaliação de risco Fitch e Moodys a baixar as notas de crédito da Light S.A. e suas subsidiárias Light SESA (distribuidora) e Light Energia (geradora). A S&P também rebaixou o rating da Light SESA alegando “maior risco de financiamento”.

Possíveis saídas

A primeira é tentar renegociar as dívidas e estender os prazos com seus credores, mas isso incorre em ‘riscos’ para este grupo.

A outra é a Light optar por devolver sua concessão de distribuição ou negociar saídas com o regulador para operar a concessão de maneira sustentável, incluindo renúncias regulatórias sobre perdas de energia.

Em caso de não renovação da concessão e impossibilidade de mudanças nas regras contratuais, a Light tem o direito de ser indenizada pelos investimentos realizados e não depreciados ao longo da concessão. Contudo, esta seria a saída mais radical e não desejada inclusive pelo governo.

Desde que os rumores se iniciaram, as ações da companhia caíram 30% só na primeira semana de fevereiro.

Um dos principais acionistas da Light, com participação de 10% no negócio, é o bilionário Carlos Alberto Sicupira, sócio da 3G Capital e um dos homens mais ricos do Brasil, além de um dos principais acionistas da Americanas e da Ambev (ABEV3).

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