Por que Lula quer se livrar do dólar no comércio exterior?
Entenda porque moeda norte-americana tornou-se o padrão internacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provou não ser fã do dólar norte-americano quando o assunto é comércio internacional.
“Porque hoje um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar, quando ele poderia exportar em sua própria moeda”, questionou o presidente.
Em visita à China, ele chegou até mesmo a cogitar a adoção de uma moeda comum entre os países membros dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Lula inferiu que a adoção do dólar como padrão do comércio internacional se deve a “gente mal acostumada” e que “todo mundo depende de uma única moeda”.
Um exemplo dissonante é a Rússia, que em 2013 utilizava o dólar como moeda em mais de 90% de suas exportações para os demais Brics. Em 2022 essa parcela era de 36%.
Uma corrida pela adoção de moedas comuns – sejam regionais, comerciais ou digitais – como o Euro, uma do Mercosul ou a dos Brics – está em curso no sistema financeiro.
Isso preocupa os EUA no jogo geopolítico. Um dos motivos principais é ver nações antagonistas burlarem sanções econômicas e o sistema swift de transações bancárias.
Mas como exatamente o dólar se tornou a moeda padrão do comércio internacional? Quatro pontos ajudam a responder a questão.
1. O protagonismo econômico dos EUA e de suas multinacionais nos últimos 80 anos.
2. As maiores reservas financeiras dos BCs pelo mundo estão em dólar, em volume muito maior que Euro, Iene, Renminbi ou Libra.
3. A adoção de uma moeda estável facilita transações cambiais, principalmente entre itens com preços internacionais como commodities.
4. A estabilidade e transparência do sistema financeiro dos EUA (leia-se, o Federal Reserve) confere ao dólar crédito e lastro – apesar da larga emissão da moeda.
Mas com um Lula crítico às potências do Atlântico Norte e ao FMI (que diz estrangular a economia argentina), até quando durará a supremacia do dólar?