Negócio da China: 10 curiosidades sobre a viagem de Lula à Ásia

Grande comitiva presidencial quer catapultar indústria, exportações e diplomacia

O presidente Lula viajará para a China, o maior parceiro comercial do Brasil, entre os dias 26 e 31 de março. Esta será a quarta viagem internacional do petista neste terceiro mandato, depois de EUA, Uruguai e Argentina.

A agenda com o presidente Xi Jinping é extensa e foca principalmente em acordos comerciais, incluindo investimentos da China no Brasil, pauta do comércio bilateral, transição energética e mudanças climáticas.

Outros assuntos abordados são a renovada tentativa de tornar o Brasil um protagonista na diplomacia internacional e tratativas de paz, em meio à escalada de tensões que incluem os EUA, Rússia, Ucrânia e o país asiático. Confira outras pautas e curiosidades ligadas à essa viagem.

Ressuscitar os BRICS

Lula e sua comitiva também tentarão retomar a relevância do diálogo entre os Brics, após anos de isolamento do governo Bolsonaro, e seu Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).

Comitiva de Peso

Calcula-se que a comitiva presidencial some 200 pessoas, com ao menos cinco ministros (incluindo Fernando Haddad), o presidente do BNDES Aloizio Mercadante, parlamentares, executivos e empresários de empresas como Bradesco, Marfrig, JBS e Embraer.

Destino-chave de exportações

A China é o principal destino das exportações brasileiras. Se em 2020 e 2021 a participação foi superior a 30% do total, houve uma queda para 26,8% em 2022, ainda assim muito acima de União Europeia (15,2%), EUA (11,2%) e Argentina (4,6%).

Superávit comercial

O Brasil tem balanço positivo com a China de US$ 28,97 bilhões, o que é um pouco menos da metade do superávit total de nossa balança comercial (US$ 61,76 bi).

Commodities

Na pauta de exportações de 2022, os principais itens vendidos aos chineses foram soja (36% do total), minério de ferro (20%), derivados de petróleo (18%), carne bovina (8,9%) e celulose (3,7%).

Produtos industrializados daqui

As exportações de itens de nossa indústria de transformação giram em torno de pífios 2% e se mantêm relativamente estáveis nos últimos anos.

Fomento à indústria

O Brasil tentará emplacar com a China acordos que catapultem negócios nas áreas de telecomunicações (5G), aeroespacial (satélites e aviões), roupas e de geração elétrica limpa, entre outros. Até uma fábrica da BYD na Bahia pode ser discutida.

Importações brasileiras

Enquanto basicamente só exportamos commodities, o rol de produtos importados da China é muito mais diverso, incluindo insumos farmacêuticos e químicos, semicondutores, componentes para celulares, fungicidas, geradores elétricos, autopeças, têxteis e máquinas.

Relações bilaterais

Entre a falta de entusiasmo dos EUA e as travas protecionistas no acordo com União Europeia - Mercosul, o Brasil deve buscar na China uma fonte de recursos para fomentar a indústria e outros negócios e um aliado em um eixo fora do Atlântico Norte.

Reabertura da economia

Com o fim das restrições sanitárias na Ásia, espera-se que o ímpeto econômico chinês seja renovado, com maior demanda por minério de ferro para suas siderúrgicas e óleos para suas indústrias. No entanto, este vigor também dependerá da recessão que avizinha EUA e Europa.

Sim, Lula e companhia devem passar o chapéu para um parceiro que tem recursos, dinheiro e vontade de expandir seu protagonismo global.

O plano a médio e longo prazos é gerar empregos, desenvolvimento, renda e impostos, fortalecer setores e diversificar nosso portfólio econômico. A que preço é uma questão ainda em aberto.