Nelson Tanure, o acionista discreto da Light, Gafisa e Prio

O investidor Nelson Tanure, principal acionista da Gafisa (GFSA3), virou réu em um processo administrativo sancionador aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no dia 30 de outubro.

Além do empresário, outros cinco executivos ligados à companhia integram a parte acusada: Eduardo Laranjeira Jácome, Antônio Carlos Romanoski, Leo Julian Simpson, Thomas Cornelius Azevedo Reichenheim e Roberto Luz Portella.

A ação acusa os conselheiros de aprovarem, em 15 de abril de 2019, um aumento de capital com condições de preço de emissão em desacordo com a Lei das Sociedades Anônimas.

O processo também apura uma infração à instrução CVM 480/09 e à própria Lei das S/A por não divulgação dos critérios adotados e do embasamento legal para os preços de emissão neste aumento de capital, de R$ 6,02 por ação, na época.

O estilo arrojado do empresário baiano, que começou a investir na década de 80, já lhe trouxe problemas semelhantes no passado e desperta um misto de temor e admiração entre os agentes do mercado financeiro.

“É um investidor que gosta de entrar em empresas com dificuldades para fazer o turnaround (reestruturação da empresa) e vender mais caro depois”, afirma Flávio Conde, analista da Levante Ideias de Investimentos.

Um dos investimentos mais bem-sucedidos feitos por Tanure, segundo o analista, foi na antiga HRT Participações em Petróleo.

Em meados de 2013, a produtora de petróleo atravessava graves turbulências, perdida entre conflitos internos e dificuldades financeiras, sem grandes perspectivas de encontrar petróleo. O empresário viu a oportunidade de comprar ações a preços baixos e avançou sobre o capital da companhia.

Uma vez na posição de principal acionista, promoveu mudanças na estrutura administrativa da empresa e impôs um novo plano de negócios, com vistas a operar campos maduros.

Entre acusações de intimidação por um minoritário adversário e embates com a gestora Discovery, outra grande acionista da companhia, a HRT virou PetroRio, que se transformou na Prio (PRIO3), uma das queridinhas do setor de petróleo na Bolsa.

Essa forma de conduzir os negócios garantiu admiradores e críticos. “Muitos o enxergam como um ‘empresário inescrupuloso’, mas ele é só um cara que está tentando ganhar dinheiro no mercado”, afirma Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research.

leia mais