Recuperação judicial: entenda possível solução para rombo das Americanas

Eternit, Oi, Odebrecht e Saraiva são companhias que usaram recurso para gerir dívidas

As Americanas (AMER3) declararam dívidas de R$ 40 bilhões na Justiça e entraram com uma "medida de tutela de urgência cautelar". Com isso, protege-se de bloqueio de ativos por parte dos credores para que continue em operação. Uma recuperação judicial pode vir em seguida.

O que é a recuperação judicial?

A recuperação judicial serve para auxiliar empresas altamente endividadas a ‘ganhar um tempo’, vendendo ativos, renegociando dívidas e pagando algumas obrigações para que possa se recuperar economicamente, manter empregos e tornar-se novamente viável.

Sair de uma recuperação judicial é bom sinal, mas a viabilidade do negócio, a falta de ativos lucrativos, as dívidas restantes e a capacidade de gerar caixa comprometem a capacidade da empresa voltar a crescer, dar lucro (e pagar dividendos) e assim ser atraente aos investidores.

Algumas das empresas (com capital aberto ou não) que se valeram deste instrumento nos últimos anos para se manterem ativas são Oi (OIBR3), Eternit (ETER3), Odebrecht (atual Novonor) e as livrarias Saraiva (SLED4). Confira algumas delas:

Oi (OIBR3, OIBR4)

Herdeira direta da Telemar, a Oi endividou-se fortemente com caras aquisições de concorrentes com frágil saúde financeira. Isso sem falar do caso envolvendo a Portugal Telecom. O resultado foi a entrada em um processo de recuperação judicial em 2016 após a declaração de um rombo de R$ 65,4 bilhões.

Depois de vender importantes ativos (incluindo a totalidade da operação de telefonia móvel) a seus concorrentes Claro, Tim e Vivo, renegociar dívidas e realinhar negócios, depois de seis anos a Oi saiu da recuperação judicial em dezembro de 2022. Mesmo assim suas ações continuam não atraindo muitos investidores.

Saraiva (SLED4)

Uma das grandes redes de livrarias do Brasil, a Saraiva endividou-se fortemente com um ousado plano de expansão através de megalojas e novos negócios. A conversão de dívidas em ações, divulgado em agosto de 2022, pode ser o começo do fim do plano de seu plano de recuperação.

Eternit (ETER3)

Um exemplo positivo dos ajustes de uma recuperação judicial pode ser visto na Eternit, líder nacional em fabricação de telhas e coberturas. Aquisição de concorrente, modernização do portfólio (mas ainda contando com o polêmico amianto) e gestão financeira têm levado a companhia a números interessantes e até pagamento de proventos.

Renova Energia (RNEW4)

No final de 2022 a companhia de energia renovável aprovou aumento de capital de até R$ 286,3 milhões por subscrição privada de ações. Este é o mais recente capítulo do processo de recuperação judicial, que previa alienação de ativos e a conclusão do parque eólico Alto Sertão.

IGB Eletrônica (IGBR3)

A antiga Gradiente foi uma pioneira no mercado de celulares e aparelhos de áudio e vídeo. Frente à concorrência de estrangeiras, o negócio sofreu um baque. Notícias esporádicas sobre sua saída da bolsa e a batalha com a Apple pelo nome iPhone causam disparos ocasionais nos preços de suas ações.

FTX

A exchange de criptomoedas de Sam Bankman-Fried entrou em colapso no fim de 2022, com problemas de liquidez que impediram resgates de ativos de milhares de investidores.

Novonor (Odebrecht)

Com dívidas na casa dos R$ 80 bilhões a antiga toda poderosa empreiteira não tem ações negociadas na Bolsa. No entanto, a ex-Odebrecht é um dos maiores acionistas da petroquímica Braskem (BRKM5) e a venda deste ativo para saldar dívidas é de amplo interesse do mercado financeiro.

MMX Mineração (MMXM3)

De vez em quando , a recuperação judicial não basta para uma empresa se reerguer. Este é o caso da mineradora de Eike Batista, que entrou no procedimento em 2014, deixou de ter ações negociadas na B3 em maio de 2021 e desde então se vê às voltas com a decretação de sua falência nos tribunais.