Os bastidores da rejeição de Louise Barsi no Conselho do IRB (IRBR3)

Ela foi barrada na assembleia realizada no último dia 17. Veja os motivos e quem foi contra

A família Barsi sofreu uma derrota com o ressegurador IRB (Re). Louise Barsi, filha de Luiz Barsi, seguiu os ensinamentos do pai conhecido como o “rei dos dividendos”. Além de economista e analista CNPI, ela fundou a Ações Garantem o Futuro (AGF).

Luiz Barsi possui cerca de 1,2 milhão de IRBR3, as ações ordinárias do IRB, sendo um dos mais expressivos minoritários da companhia. Há algum tempo, ele tenta emplacar o nome da filha para representá-lo no Conselho de Administração da empresa.

O IRB realizou no dia 17 uma assembleia geral extraordinária (AGE) com alguns objetivos: eleger o novo presidente do Conselho de Administração, alterar o número de assentos do board e adicionar mais um membro titular fixo para ocupar o cargo que estava vago no mandato em curso.

Louise concorria para o último posto e foi recomendada no último dia 3 de outubro pelo próprio Barsi, em uma indicação conjunta à Bonsucex Holding. Ela recebeu cerca de 6,1 milhões de votos favoráveis – 1,2 milhões, do pai – e outros 22,6 milhões de votos contrários.

Votaram contra ela o participante 33055, que detém cerca de 7,2 milhões de ações do IRB; o participante 02863, com 5,7 milhões de ativos; e o participante 61557, que possui 9,5 milhões de papéis do ressegurador.

Como cada ação conta como um voto, somente com o posicionamento destes três acionistas, Barsi somou 22,5 milhões de votos contrários. O CNPJ do Bradesco Seguros S/A é 33.055.146/0001-93. Já o CNPJ do Bradseg Participações S.A., a controladora das empresas do Grupo Bradesco Seguros, é 02.863.655/0001-19.

Os cinco primeiros dígitos de ambos os CNPJs indicam que os votos de 7,2 milhões de ações e de 5,7 milhões vieram da instituição. Somadas as quantidades de ações, cerca de 13 milhões, chega-se à posição de 15,9% que o banco possui das 82 milhões de ações totais do IRB.

Fontes no mercado falaram em posição de anonimato com o E-Investidor. Elas apontaram possíveis razões para que os grandes bancos tenham barrado a entrada de Louise no Conselho de Administração do IRB. A primeira delas tem a ver com a própria fundadora da AGF.

“Ao mesmo tempo que luta para firmar sua própria identidade, ela só entrou na disputa porque foi indicada para tal pelo pai enquanto acionista”, diz um analista independente. Além disso, “ainda que faça um trabalho extraordinário como investidora pessoa física, não tem experiência no setor do IRB”.

O posicionamento político também teve sua parcela de contribuição para a rejeição. Segundo uma fonte influente no setor de seguros, Louise expõe abertamente seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além disso, se candidatou para fazer parte do board de uma companhia cuja União – hoje liderada pelo PT desde a eleição do presidente Lula – ainda tem influência na empresa por meio de uma golden share (um tipo de ação que dá poderes a um acionista, ainda que ele seja minoritário).

Uma outra fonte destaca que, olhando para a parte técnica, a governança do IRB poderia ficar comprometida com a eleição para o Conselho de Administração de uma membro tão ligado a um acionista individual. “Não seria uma boa prática de governança cooperativa”, diz.