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Magazine Luiza (MGLU3) dispara 12% após acordo com AliExpress, mas o que o mercado diz sobre a ação?

"Com essa parceria, nós capturamos e colocamos à venda produtos que não tínhamos", diz o CEO Frederico Trajano

Magazine Luiza (MGLU3) dispara 12% após acordo com AliExpress, mas o que o mercado diz sobre a ação?
Loja do Magazine Luiza (MGLU3). (Foto: Divulgação/Magazine Luiza )

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) subiram forte nesta segunda-feira (24) após a companhia anunciar um acordo com o AliExpress para vender produtos da China na plataforma do marketplace da varejista brasileira. O acordo também prevê a venda de produtos do Magalu aqui no Brasil no site do AliExpress. As ações ordinárias do Magazine Luiza fecharam o pregão em alta de 12,28%, a R$ 12,16.

Além do acordo com a AliExpress, há outro motivo para as ações da companhia dispararem. Flávia Meireles, analista de Research da Ágora Investimentos, diz que a queda da curva de juros também impulsiona a ação do Magazine Luiza nesta segunda-feira. Os juros futuros com vencimento em 2 de julho de 2029 recuam 0,09 ponto porcentual, para 11,89%. “Essa queda dos juros futuros faz com que todo o setor varejista suba hoje”, diz Meireles.

Ainda assim, o acordo entre a varejista brasileiro e a chinesa aparece como a principal notícia do dia para a empresa. Segundo o CEO da companhia, Frederico Trajano, o AliExpress passará a vender no site do Magalu produtos classificados como “linha choice“, como itens de beleza, computer office (escritório) e home improvement (melhorias da casa).

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Do outro lado, o Magazine Luiza também prevê vender seus produtos no Brasil por meio do site do AliExpress. Tais produtos se encontram na categoria 1P, conhecida como comércio eletrônico de primeira parte. Nesse caso, o Magalu compra produtos, estoca, determina preços, vende em sua loja virtual e cuida de toda a logística de entrega. A venda para o consumidor, no entanto, será feita no site da AliExpress.

Questionado pelo E-Investidor sobre as sinergias com a parceria, Frederico Trajano disse que o acordo possui um alto valor para as duas empresas, principalmente quando se nota a audiência do site da chinesa e da brasileira. “Hoje, as duas plataformas têm mais de 700 milhões de visitas. Com essa parceria, nós capturamos e colocamos sortimentos que não tínhamos. Então, as chances de conversão nos dois canais são muito altas”, afirmou o CEO do Magalu.

Sobre a geração de lucros e receitas com a parceria, Trajano disse que não comentaria o assunto. No entanto, destacou que o Magazine Luiza e a AliExpress fecharam uma taxa de remuneração, conhecida como take rate, em caso de venda de produtos por uma das partes. “Todos os produtos vendidos pelo AliExpress no site Magalu terão um take rate cobrado. E quando vendermos no site da AliExpress, nós também pagaremos um take rate para o AliExpress. Essa taxa foi negociada durante sete meses”, explicou Trajano, que preferiu não dar um número final da taxa de remuneração.

Qual é a visão do mercado sobre o acordo entre Magalu e AliExpress?

Para Flávia Meireles, da Ágora Investimentos, a notícia é positiva pelo fato de ampliar o sortimento do Magazine Luiza, visto que amplia a gama de produtos vendidos no marketplace da empresa. “Essa notícia amplia o sortimento do Magalu, visto que atualmente a maioria dos itens que Magalu vende são produtos de linha branca, que são eletrodomésticos e eletroeletrônicos”, aponta Meireles.

Luan Alves, analista chefe da VG Research, concorda com a especialista da Ágora e diz que o acordo funciona de forma complementar para as duas empresas. “O Magalu tem o foco em bens duráveis, produtos que o AliExpress não vende, então o aumento de sortimento com a parceria será alto e isso ajuda no fluxo de usuários nos sites”, explica.

Já os analistas da Ativa Investimentos enxergam o acordo como positivo, mas dizem que dificilmente ele irá aumentar a competitividade do Magalu diante de concorrentes como Mercado Livre e Amazon. A XP Investimentos tem um pensamento similar ao da Ativa, principalmente após a aprovação dos impostos de importação dos produtos menores vindos da China.

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“No entanto, também acreditamos que o anúncio sinaliza que o cenário competitivo e as perspectivas de crescimento dos marketplaces estrangeiros estão mais desafiadores no País, com a consolidação como um movimento para lidar com o imposto de importação recentemente aprovado e a chegada do Temu, outro site de comércio eletrônico chinês”, argumentam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assinam o relatório da XP.

É hora de comprar ação do Magazine Luiza?

Ainda que a notícia seja boa e a ação do Magazine esteja indo bem no pregão desta segunda-feira, o consenso dos especialistas é unanime: o investidor não deve comprar as ações do Magazine Luiza.

Flávia Meireles, da Ágora Investimentos, diz que nada muda de modo geral para o Magazine Luiza em relação a lucro e receita. “Como nós não temos muitos dados quantitativos desse acordo, não temos como estimar alguma mudança. Caso saiam mais detalhes, poderíamos estimar qual seria o impacto no Volume Bruto de Mercadorias (VGM, na sigla em inglês). Como não temos, nossa recomendação continua igual”, diz Meireles.

A Ágora tem recomendação neutra para as ações do Magazine Luiza, com preço-alvo de R$ 30 para os próximos 12 meses, uma alta de 177% na comparação ao fechamento de sexta-feira (21), quando a ação encerrou o pregão a R$ 10,82. A XP Investimentos também tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 25 para os próximos 12 meses, uma alta de 131% em relação ao fechamento de sexta.

A Ativa Investimentos também não recomenda compra e classifica o papel como neutro. A corretora, no entanto, está menos otimista e calcula um preço-alvo de R$ 17,40, uma potencial valorização de 60,8% na mesma base de comparação.

Luan Alves, da VG Research, reforça que, além da notícia não trazer as informações concretas para novas estimativas, o cenário macroeconômico segue desafiador com aumento das expectativas de inflação e a interrupção do ciclo de queda na taxa de juros. “Apesar de positiva a parceria, seguimos cautelosos com a companhia e mantemos nossa recomendação neutra para o Magazine Luiza”, conclui Alves.

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