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Vale (VALE3): Genial projeta salto na ação e recomenda compra; veja os detalhes

Na visão dos analistas, o papel continua barato, ainda mais após dados da China mostrarem que há espaço para reduzir juros e reaquecer a economia local

Vale (VALE3): Genial projeta salto na ação e recomenda compra; veja os detalhes
Vale. (Foto: Fabio Motta/Estadão)

A Genial Investimentos manteve sua recomendação de compra para a Vale (VALE3) com um preço-alvo de R$ 78,50, uma potencial alta de 27,5% na comparação com o fechamento de quinta-feira (28), quando a mineradora encerrou o pregão a R$ 61,56. Na visão dos analistas, o papel continua com um elevado grau de desconto em relação ao seu valor justo, ainda mais após dados da China  mostrarem que o banco central local tem espaço para reduzir juros e reaquecer a economia do país.

O índice de inflação (CPI) mostrou um avanço de 0,3% na comparação com maio de 2023, contra uma alta de 0,4% esperada pelo mercado. Os dados do CPI chinês saíram no último dia 12 de junho. Já o indicador de preços ao produtor (PPI) amargou uma queda de 1,4% na base anual de maio de 2024 ante maio de 2023. “Os números mostram uma demanda continuamente fraca para bens de consumo. Por causa disso, nos parece que a China tem espaço para reduzir as taxas de juros, com o índice de inflação ainda anêmico”, dizem Igor Guedes, Rafael Chamadoira e Iago Souza, que assinam o relatório da Genial.

A China responde por mais de 50% das exportações da Vale. O país asiático é um grande consumidor de minério de ferro, a matéria-prima mais produzida pela companhia. Um reaquecimento da economia chinesa traria uma melhora da lucratividade da empresa. A mineradora reportou lucro líquido de US$ 1,679 bilhão no primeiro trimestre deste ano, queda de 9% ante igual período de 2023 e 31% a menos na comparação com o quarto trimestre de 2023.

Segundo a mineradora, o desempenho mais fraco decorre, principalmente, dos menores preços realizados de finos (que passam por processo de peneiramento) de minério de ferro, níquel e cobre, parcialmente compensado por maiores volumes de vendas de minério de ferro e cobre. Uma retomada do preço da commodity ocorreria com o reaquecimento da economia da China, que para a Genial pode acontecer com a queda de juros no país, o que ainda não se materializou.

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“Em abril, publicamos a nossa estimativa de corte de juros de 1 ano para 3,35% e manutenção dos juros de 5 anos em 3,95% no comitê de política monetária em 19 junho. Entretanto, a decisão do PBoC (Banco Central Chinês) foi de manter ambas as taxas de juros de referência estáveis, com a de 1 ano permanecendo em 3,45%, contrariando a nossa estimativa”, apontam Guedes, Chamadoira e Souza.

Para os especialistas, o corte de juros do banco central chinês ainda não aconteceu devido á manutenção das taxas nos EUA pelo banco central americano, o Federal Reserve (Fed). Isso porque, se o banco central chinês reduzir os juros a um ponto que investir nos EUA fique mais atrativo, a expectativa é de uma desvalorização da moeda chinesa devido a uma fuga do capital estrangeiro, que ocorre em dólar.

Demanda por minério de ferro da Vale

Os analistas reforçam ainda que a demanda por minério de ferro continua resiliente com o aperto na oferta. Ainda assim, os preços do minério de ferro importado na China permaneceram fracos na semana passada devido ao mercado imobiliário lento e às preocupações com as medidas de controle da produção de aço bruto.

O trio de especialistas comenta que o Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS) reportou uma queda anual de 10,1% no financiamento do setor imobiliário de janeiro a maio. Por causa desse número, o sentimento volta a piorar mesmo com a flexibilização das hipotecas, o que tornou a arrefecer os preços de vencimentos futuros para julho e agosto do minério de ferro.

“Apesar da oferta em redução nos portos, ainda assim o nível volta a ficar acima da margem dos últimos 5 anos. Com mais oferta nos portos, o preço no mercado spot também caiu na última semana, chegando a cerca de US$ 105 por tonelada”, apontam.

Vale traz notícias positivas

Ainda que a economia chinesa não esteja acelerada, com o mercado imobiliário apresentando uma queda de 10,1% e o minério de ferro tenha caído, os analistas explicam que o atual preço das ações da Vale já aponta para esse lucro menor e a ação está atrativa após quedas recentes. Segundo informações do Broadcast, os papéis da mineradora recuam 16,69% no acumulado de 2024.

Sendo assim, os especialistas comentam que as ações da empresa estão atrativas, devido à queda dos últimos meses e à resiliência do preço do minério de ferro. Em outro relatório divulgado recentemente, a equipe da Genial elevou o preço-alvo de empresa de R$ 73,50 para os atuais R$ 78,50.

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A elevação aconteceu após a companhia comunicar a revisão de ativos da unidade de metais básicos da Vale (VBM), o que para os especialistas foi “excelente”. A partir da revisão de ativos, a mineradora identificou um potencial crescimento de 175Ktpa na produção de cobre entre 2024 e 2028, chegando a uma capacidade de 500Ktpa, alta de 54% em 5 anos em relação à capacidade atual.

As projeções para o nível levam para um crescimento de 52% entre a produção atual e a estima para os próximos 5 anos. “Portanto, ainda que tenhamos sido conservadores, devido às mudanças, entendemos que a VBM passará a contribuir mais para o valuation justo da companhia”, concluem Igor Guedes, Rafael Chamadoira e Iago Souza.