O que este conteúdo fez por você?
- Em 2020 o setor público fez o menor investimento em infraestrutura no país desde 1947.
- Uma infraestrutura de qualidade, porém, é essencial para retomada econômica do Brasil
- Investimentos privados e de pessoas física pode render bons frutos para os investidores e para o Brasil
(Por Aléxis Cerqueira Góis, especial para o E-Investidor) – O investimento público em infraestrutura em 2020 foi o menor desde 1947, quando o Observatório de Política Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) iniciou o levantamento histórico.
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Por conta da pandemia, apenas 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) foi investido no setor no ano passado, em um valor insuficiente para manter estradas, aeroportos, portos e hidrelétricas já existentes.
A previsão orçamentária para 2021 também não é muito animadora. O governo federal projetou um volume de apenas R$ 17 bilhões de recursos para a infraestrutura, o que representa, aproximadamente, 0,1% do PIB. Esse valor pode ser ainda menor, já que o orçamento pode sofrer cortes ou não ser totalmente executado.
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Isso significa que o Brasil talvez não consiga realizar obras importantes para garantir o crescimento econômico com recursos públicos, como a expansão da capacidade de geração de energia e a implantação de novas rotas de escoamento de produtos. Economistas e o próprio governo afirmam que é necessário investir 0,5% do PIB para garantir infraestrutura nova no País.
No entanto, os recursos do governo representam apenas uma parte do que é investido no segmento. Um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que, em 2014, empresas privadas foram responsáveis por 54% dos aportes no setor.
Agora esse índice é ainda maior. Até 2022, a iniciativa privada deve investir R$ 260 bilhões, segundo projeção do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, o que representa 40 vezes o orçamento anual da pasta.
O papel da infraestrutura na retomada econômica
A estratégia de recuperação econômica da crise provocada pela pandemia passa pela necessidade de investimentos na infraestrutura nacional. O Banco Mundial estima que as aplicações no setor devem ser de 4,25% do PIB para superar o déficit estrutural do País.
Com o orçamento cada vez mais apertado, o governo federal aposta em seu Programa de Parceria de Investimentos (PPI), que deve gerar boas oportunidades em curto, médio e longo prazos, para comprar ações de empresas do setor de infraestrutura ou aplicar em fundos de investimentos atrelados a esses papéis.
Transporte
O governo federal pretende realizar novos contratos de concessão de mais de 18 mil quilômetros de rodovias no País, com previsão de R$ 151 bilhões em investimentos e geração de 2,1 milhões de empregos.
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No setor ferroviário, o PPI deve antecipar contratos e realizar novas concessões. Entre os destaques, estão o projeto Ferrogrão, de 993 quilômetros, para escoar a produção do Centro-Oeste ao Porto de Miritituba, no Pará, e gerar R$ 8,4 bilhões em investimentos. O programa também contempla a modernização da área portuária, que tem licitações de pelo menos 11 terminais.
O governo federal quer, ainda, realizar concessão para a iniciativa privada de 22 aeroportos, divididos em três blocos, devendo gerar R$ 6,6 bilhões com potencial de criar 111 mil empregos.
Energia elétrica
Além da desestatização da Eletrobras (ELET3; ELET6), já sancionada pelo presidente da República, o PPI prevê leilões de geração e transmissão de energia, com investimentos superiores a R$ 10 bilhões.
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Um novo modelo jurídico e operacional foi sugerido para a Usina Termonuclear Angra 3, por exemplo, e as obras podem ser retomadas para colocar a estrutura em funcionamento em 2026.
Petróleo e gás
No setor de petróleo, o governo federal implementou o Programa para Aprimoramento das Licitações de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural (BidSIM) para aumentar a atratividade das licitações de áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural.
O Leilão dos Blocos de Atapu e Sépia está previsto para acontecer em dezembro de 2021, e novas áreas de exploração e campos de produção devem ser oferecidas.
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Mineração
O governo adotou a Política de Apoio ao Licenciamento Ambiental de Projetos de Investimentos para Produção de Minerais Estratégicos (Pró-Minerais Estratégicos) para facilitar a aprovação de projetos de extração de minerais que o País precisa importar em alto percentual para atender a atividades fundamentais da economia.
Isso tudo seria feito com aplicação em produtos e processos de alta tecnologia e que colaboram para o superávit da balança comercial.
Telecomunicações
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O Brasil está preparando sua maior venda pública até hoje. O leilão da tecnologia 5G deve movimentar R$ 50 bilhões, sendo R$ 40 bilhões em novos investimentos em infraestrutura de telecomunicações.
A conexão mais rápida ajudará o Brasil a dar um salto digital, especialmente na agricultura, na indústria e na medicina.
Saneamento
Um novo marco legal aprovado em 2019 deverá gerar mais de R$ 600 bilhões em investimentos para universalizar o serviço de saneamento até 2033, segundo estimativa do governo federal.
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Além disso, a Caixa Econômica Federal criou o Fundo de Apoio à Estruturação de Projetos de Concessão e PPP (FEP), que deve ter atuação forte nos contratos realizados na área de abastecimento de água e esgoto e tem mais de 50 projetos de concessão em andamento.
Como investir no setor de infraestrutura na bolsa de valores?
O Brasil tem uma demanda real por investimentos em infraestrutura, e as empresas exercerão um papel crucial nos próximos anos. Em um horizonte de elevação da taxa Selic, quem pretende investir no setor deve pensar em uma aplicação de médio e longo prazos.
Confira quais são as principais oportunidades de investimento em infraestrutura.
Quais são as ações recomendadas para investimento em infraestrutura?
A Vale (VALE3) deve ser beneficiada com as condições do mercado de minério de ferro até 2023. A empresa vai lucrar com a retomada de obras no setor de infraestrutura tanto no Brasil quanto no mercado global. A companhia tem algumas plantas com atividades suspensas e, dessa forma, poderá atender a um aumento da demanda de pedidos.
No setor de petróleo e gás, a PetroRio (PRIO3) apresenta bons resultados e elevado caixa, o que possibilita realizar investimentos em melhorias de operações e novas aquisições. No entanto, a companhia não está sujeita aos riscos de interferências governamentais, como a Petrobras (PETR3; PETR4).
Analistas da Ágora avaliam que o segmento de geração, transmissão e distribuição de energia vai dar boas oportunidades para a Weg (WEGE3), que tem a energia renovável como carro-chefe. Além disso, a empresa tem operações tanto no mercado doméstico quanto internacional e cerca de 57% da receita em dólar.
Quais são os fundos de investimento em infraestrutura listados na B3?
Desde julho, a B3 passou a listar os Fundos de Investimentos em Infraestrutura (FI-Infra), o que possibilita a compra e a venda desses ativos diretamente na Bolsa de Valores. Os fundos captam recursos para financiar empreendimentos e são considerados aplicações de longo prazo com vencimento médio de dez anos. Contudo, as cotas podem ser negociadas a qualquer momento, assim como as ações.
Atualmente existem cinco FI-Infras listados na B3, sendo três de renda fixa e dois de renda variável. BTG Pactual Dívida Infra (BDIF11) e XP Infra (XPID11) são focados em debêntures de infraestrutura. Já a Rio Bravo ESG FIC FI-Infra RF CP é composto de cotas de fundos incentivados de investimento em infraestrutura.
Capitânia Infra (CPTI11) aplica recursos em projetos de saneamento básico, rodovias, transporte aquático, telecomunicações, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, enquanto Inter Selection Ações (FIC INTER) tem ações de empresas de infraestrutura.