O dólar tinha firme alta nesta terça-feira (19), superando 5,57 reais na máxima e colocando a moeda brasileira na lanterna global, com a má repercussão do mercado a propostas de mais gastos com benefícios sociais, num dia em que o Banco Central fez o primeiro leilão de moeda spot desde março.
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Investidores temem que as discussões sobre o financiamento do Auxílio Brasil — versão turbinada do Bolsa Família — resultem no rompimento do teto de gastos, tido como âncora fiscal do Brasil, o que golpearia um já fragilizado cenário para as contas públicas no país.
Na segunda-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sinalizou em entrevista ao site da revista Veja discussão de um programa social fora do teto de gastos públicos.
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Lira defendeu que, diante dos impactos sociais provocados no Brasil pela pandemia de covid-19, não se pode priorizar a responsabilidade fiscal e o respeito ao teto de gastos em detrimento das necessidades da população mais vulnerável.
“O prêmio de risco tem que aumentar mesmo. O mercado está entendendo essas medidas como populismo fiscal, de cunho eleitoreiro”, disse Sérgio Goldenstein, chefe da área de estratégia da Renascença.
“Além disso, você está desmoralizando o teto de gastos. Por que o governo a ser eleito em 2022 precisará respeitar o teto de gastos se o de agora não respeita?”, questionou, avaliando ser muito difícil reduzir posteriormente valores do auxílio — atualmente, o debate está em torno de um aumento temporário do novo Bolsa Família.
O noticiário sobre a PEC dos precatórios, que pode ser votada em comissão especial da Câmara ainda nesta terça, também atraía atenção de operadores. A PEC é uma contrapartida para a criação do Auxílio Brasil.
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Às 10h36, o dólar interbancário subia 0,61%, a 5,5542 reais. Na máxima, bateu 5,575 reais, alta de 0,98%.
Na B3, o dólar futuro saltava 0,82%, a 5,5710 reais, após alcançar 5,5845 reais, perto da taxa de 5,5890 reais tocada na quarta passada, máxima desde abril.
O dólar à vista havia alcançado 5,57 reais pela última vez na quarta passada, dia 13, quando o Banco Central fez o primeiro de uma série de leilões de novos contratos de swap cambial no mercado. Nesta terça, porém, o BC mudou o instrumento e colocou no sistema 500 milhões de dólares em moeda física, operação que não era realizada desde março.
Analistas não notaram pressão que chamasse atenção no mercado do casado (um tipo de cupom cambial de curtíssimo prazo) que justificasse uma oferta direta de liquidez, mas lembraram que o aumento dos lotes disponibilizados de contratos de swap cambial pressiona a taxa do cupom, que entra nos rendimentos do comprador do derivativo.
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Na véspera, o Bacen injetou no mercado 1,2 bilhão de dólares via swaps, que não conseguiram impedir que o dólar fechasse em alta de mais de 1%.
“Diante dos riscos fiscais de rompimento disfarçado do teto de gastos, as intervenções do BC só vão conseguir transferir momentaneamente a pressão do câmbio para os juros. Na minha visão, o correto é deixar os preços refletirem livremente as escolhas políticas”, comentou Marcos Mollica, gestor no Opportunity.
As taxas de DI disparavam, com vencimentos chegando a subir perto de 30 pontos-base. Na curva, o mercado voltava a colocar fichas em aumentos da Selic superiores a 1 ponto percentual.
O real tinha o pior desempenho de uma lista de apenas quatro divisas que perdiam para o dólar nesta manhã. Outros 29 pares se valorizavam, alguns dos quais de perfil próximo ao da moeda brasileira, como peso mexicano (+0,4%) e rand sul-africano (+0,5%).
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