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Redução do IPI: qual o impacto para empresas na Bolsa

Analistas explicam como os setores de transporte, varejo e cosmético podem ser impactados

Redução do IPI: qual o impacto para empresas na Bolsa
Foto: Werther Santana/ESTADÃO
  • Com a diminuição do imposto, a expectativa é de que as companhias do setor varejista e as locadoras de veículos ganhem impulso nas vendas
  • Apesar da expectativa de diminuição dos preços, o aumento dos custos de commodities como o minério de ferro, principal matéria prima para o aço industrial, pode fazer com que a redução do imposto não seja sentida pelo consumidor final

A redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25%, anunciada no fim de fevereiro, gera consequências na economia e na Bolsa. O objetivo, segundo o Ministério da Economia, é impulsionar a indústria, especialmente produtos da linha branca e automóveis.

Com a diminuição do imposto, a expectativa é de que as companhias do setor varejista e as locadoras de veículos ganhem impulso nas vendas, especialmente em um cenário de aumento dos preços em decorrência da inflação. Outro setor que pode se beneficiar é o de cosméticos.

“É um ano em que essas empresas não seriam tão recomendadas por conta da inflação alta e de parcelas mais pesadas por conta da taxa de juros elevada. Mas pode ter um alívio e uma alta momentânea”, segundo avaliação de Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

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Apesar da expectativa de diminuição dos preços, o aumento dos custos de commodities como o minério de ferro, principal matéria prima para o aço industrial, pode fazer com que a redução do imposto não seja sentida pelo consumidor final.

Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos, afirma que as empresas ligadas à linha branca e que importam devem ser mais favorecidas em detrimento das companhias que utilizam a Zona Franca de Manaus. “Tira um pouco a competitividade de quem produz no Polo da Região Norte e, à depender do escopo do IPI, afeta mais as empresas localizadas lá, como a Vivara (VIVA3) e Multilaser (MLAS3), que possuem grandes fábricas na região”, explica. No geral, Akamine avalia que a influência é limitada.

Locadoras e transporte

Para José Cataldo, head de research da Ágora Investimentos, a redução do IPI não deve ter efeito material sobre as vendas de veículos porque a diminuição não deve chegar totalmente nos consumidores finais, além de a produção das montadoras estar limitada pela escassez de componentes. “Mantemos nossas recomendações de Compra para Movida (MOVI3), Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3)”, complementa.

Segundo o analista do setor de Indústria e Transporte da Genial Investimentos Ygor Araújo, existe um impacto negativo para as locadoras de carros, principalmente as de veículos leves. Isso acontece porque as empresas renovaram as frotas de veículos nos últimos meses, com o preço elevado, mas com a expectativa de diminuição o preço da venda dos seminovos deve ficar abaixo do esperado.

“Enquanto empresas de locação pesada como a Vamos (VAMO3) e a Armac (ARML3) levam de 60 a 70 meses para vender os veículos e maquinários, as locadoras de veículos leves levam entre 12 e 24 meses. Por isso, podem sofrer mais com a variação de preços no curto prazo”, comenta. Araújo calcula que a redução do preço dos produtos, levando em conta a diminuição do IPO, pode chegar em média a 5%.

O analista da Genial aponta que as montadoras de veículos e produtoras de autopeças podem ter ganhos no curto prazo pela diminuição da alíquota, como é o caso da Fras-le (FRAS3), Tupy (TUPY3), Iochpe-Maxion (MYPK3) e Marcopolo (POMO4).

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Para o longo prazo, Araújo crê que a melhora deve ocorrer à medida que seja aprovada uma reforma tributária ampla para, de fato, reduzir o custo-Brasil e movimentar o fluxo de investimentos.

Varejo e cosmético

O varejo também deve ser beneficiado com contração da alíquota. As empresas do setor foram destaque negativo ao longo de 2021 e seguem entre as maiores quedas deste ano. Com esse desconto no preço das ações, os investidores devem ter atenção aos movimentos que podem impulsionar o segmento.

Cruz, da RB Investimentos, aponta que Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) já foram beneficiadas nos últimos pregões e ainda podem se destacar ao longo dos próximos meses. Esse movimento, segundo o estrategista, é interessante para estar no radar de quem realiza trades mais curtos.

No setor de cosméticos, Natura (NTCO3) e a própria Magazine Luiza, por ser controladora da Época Cosméticos, devem ter ganhos. Nesse segmento, o desconto do IPI pode chegar a até 42%.

Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, indica que o impacto da mudança deve acontecer no médio prazo. “Se o investidor já possui empresas dos setores de varejo e indústria no portfólio, deve continuar aportando. Para quem não tem, eventualmente, deve valer a pena avaliar as empresas, especialmente por estarem descontadas por conta do aumento de juros”.

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