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Dólar recua ante real, mas fica longe das cotações mínimas do dia

O progresso nas negociações de paz teve efeito calmante sobre a aversão ao risco globalmente

Dólar recua ante real, mas fica longe das cotações mínimas do dia
Fonte: Shutterstock/ FOTOGRIN/Reprodução

O dólar perdeu terreno frente ao real nesta terça-feira, embora tenha encerrado o pregão bem distante das menores cotações intradiárias, com sinais tangíveis de progresso nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia elevando o apetite por ativos considerados arriscados.

A divisa negociada no mercado interbancário fechou em queda de 0,30%, a 4,7573 reais na venda. No início da sessão, chegou a cair 1,17%, para 4,7157 reais, mas recuperou espaço ao longo da sessão no que alguns operadores atribuíram a fator técnico de ajuste devido ao preço baixo atingido pelo dólar.

Na B3, às 17:07 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,20%, a 4,7640 reais.

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Em conversas em Istambul, a Rússia prometeu reduzir drasticamente suas operações militares em torno de Kiev e da cidade de Chernihiv, enquanto a Ucrânia propôs um status de neutralidade –não se juntar a alianças militares ou hospedar bases militares–, o que impulsionou as ações globais e derrubou o índice do dólar frente a uma cesta de rivais fortes.

A melhora do humor também beneficiou os ativos do Brasil, com o Ibovespa aproveitando o clima internacional para subir mais de 1% no dia, acima dos 120 mil pontos.

O progresso nas negociações de paz teve efeito calmante sobre a aversão ao risco globalmente mas, por outro lado, reduziu o ímpeto de alta dos preços das commodities. Nesta terça-feira, os contratos futuros do petróleo e de várias commodities agrícolas caíram acentuadamente, já que eventual resolução do conflito na Ucrânia poderia reduzir a restrição de oferta mundial.

O real, que tem se valorizado em linha com o avanço das commodities desde o início da guerra, pode acabar sentindo alguma “normalização” caso haja ajustes significativos para baixo nos preços desses produtos, disse Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

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“Mas quer dizer que vamos voltar para 5,50? Não, porque acabar com o conflito não significaria acabar com as sanções contra a Rússia”, disse Izac, ressaltando que isso manteria algum viés de alta nos preços do petróleo e outros insumos. Ele acrescentou que o real tem fator adicional de suporte, que é o patamar elevado da taxa Selic.

O Banco Fibra afirmou que “o diferencial de taxa de juros entre o real e o dólar beneficia o ‘carry trade’ e, portanto, o fluxo positivo de dólares no mercado de renda fixa”. O comentário faz referência a estratégias que buscam lucrar com a tomada de empréstimo num país de juro baixo e investimento desse dinheiro num mercado de rendimentos mais atraentes.

A Selic está atualmente em 11,75%, enquanto os juros básicos dos EUA estão num intervalo entre 0,25% e 0,5%. Com esse diferencial expressivo somando-se ao preço alto das commodities, “vemos espaço para moeda (real) menos desvalorizada nos próximos meses”, disse o Banco Fibra em relatório divulgado nesta terça-feira, assinado por seu economista-chefe, Cristiano Oliveira, e Ágila Cunha, do departamento econômico.

O banco espera que o dólar encerre este ano a 5,00 reais, uma forte revisão ante cenário anterior que previa patamar de 5,50.

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No acumulado de março, o dólar tem queda de 7,74% frente ao real, o que o deixava a caminho de marcar seu pior desempenho mensal desde a baixa de 7,79% vista em outubro de 2018. No trimestre prestes a se encerrar, sua desvalorização até agora é de 14,64%. Caso mantenha essas perdas até quinta-feira, último dia do mês, o dólar terá sua perda trimestral mais intensa desde o tombo de 15,81% registrado no período de abril a junho de 2009.

Em 2022, a divisa dos EUA perde 14,64%, deixando o real com a melhor performance global no período.

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