- O levantamento é encabeçado, nesta ordem, por Índia, China e Tailândia, países populosos e pioneiros nesse tipo de pagamento.
- A disseminação dos pagamentos em tempo real no Brasil levou a uma economia de custos estimada em US$ 5,7 bilhões para consumidores e estabelecimentos comerciais, gerando impacto positivo de R$ 5,5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB).
- O estudo aponta que o sucesso do Pix gera pressões sobre participantes tradicionais do setor de pagamentos.
Altamiro Silva Junior e Matheus Piovesana – O sucesso do Pix, sistema de transferências e pagamentos instantâneos do Banco Central, fez o Brasil subir da oitava para a quarta posição no ranking mundial de transações em tempo real, formado por 53 países. O levantamento é encabeçado, nesta ordem, por Índia, China e Tailândia, países populosos e pioneiros nesse tipo de pagamento.
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Graças ao Pix, o Brasil viu o número de transações em tempo real crescer quase seis vezes no ano passado, para 8,7 bilhões. O número é mais que o dobro do observado no Reino Unido (3,5 bilhões) e bem acima de Estados Unidos (1,8 bilhão) e Japão (1,7 bilhão).
A análise foi publicada hoje pela empresa de softwares de pagamentos ACI Worldwide e elaborada pela GlobalData e o Cebr (Centre of Economics and Business Research). O estudo, em sua terceira edição, levou em conta todos os membros do G20, exceto a Rússia, além de países emergentes fora do grupo, somando 53 mercados. A Índia lidera o ranking, com 48,6 bilhões de transações.
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Emergentes ocupam as cinco primeiras posições, desbancando os países desenvolvidos. O estudo explica que as economias emergentes têm uma população maior na economia informal, que precisa de liquidez e dinheiro na mão com muito mais rapidez, pois muitas vezes não têm acesso fácil a crédito, mesmo tendo conta corrente. Essas pessoas aderem com maior facilidade a soluções como o Pix. A ACI acredita ainda que o fato de a adesão ao Pix ter sido obrigatória e com ampla propaganda pelo BC também contribuiu para seu uso disseminado.
Custo menor
A disseminação dos pagamentos em tempo real no Brasil levou a uma economia de custos estimada em US$ 5,7 bilhões para consumidores e estabelecimentos comerciais, gerando impacto positivo de R$ 5,5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB).
Até 2026, os autores do estudo estimam que as transações em tempo real no País podem chegar a 82,4 bilhões, o que geraria uma economia de US$ 37,9 bilhões naquele ano, com impacto positivo de US$ 37 bilhões no PIB – o equivalente a 2,08% do indicador.
Ao permitir que as transferências de dinheiro entre pessoas e empresas ocorram em segundos, ao invés de dias, como no passado, os pagamentos em tempo real melhoram a eficiência da economia, tendo impacto positivo no crescimento da economia, observa Owen Good, da Cebr, no relatório.
Pressão
O estudo aponta que o sucesso do Pix gera pressões sobre participantes tradicionais do setor de pagamentos. Segundo a análise, as companhias que participam dos arranjos enfrentam o desafio de mostrar que conseguem processar, de forma confiável, uma quantidade cada vez maior de transações, sem que isso leve a um aumento nos custos operacionais.
Trata-se de um desafio global. “Os bancos devem reinventar seus sistemas operacionais de missões críticas para competir em um novo ambiente de negócios de tempo real, prevalência da computação em nuvem e dados no centro”, comenta Odilon Almeida, CEO da ACI.
No caso brasileiro, a análise afirma que o Pix começa a substituir não apenas o dinheiro vivo, mas também os cartões. “Como resultado, emissores e adquirentes precisam urgentemente desenvolver serviços com base no Pix para substituir tarifas de transação que estão em queda”, diz o relatório.
Mudança global
O Brasil, destaca o estudo, é uma das economias emergentes que vem superando os países desenvolvidos nas transações instantâneas. Em 2021, os cinco primeiros países no ranking – Índia, China, Tailândia, Brasil e Coreia do Sul – fizeram um total de 92,9 bilhões de operações desse tipo. Para 2026, esse número pode bater em 356,9 bilhões.
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Mesmo com o crescimento, os pagamentos em tempo real no Brasil ainda representaram apenas 5,3% do volume total de pagamentos. Pagamentos eletrônicos, como os feitos com cartões, responderam por 29,4% e os em papel (incluindo dinheiro e cheque) por 65,2%. Mas o estudo aponta que a fatia dos pagamentos instantâneos deve dar um salto para 34% do volume total em 2026, tomando lugar dos cartões e dinheiro.
No mundo, os pagamentos em tempo real somaram 13,8% do total de pagamentos eletrônicos em 2021. A estimativa é de que em 2026 este porcentual seja de 25,6%. Ao todo, foram feitas 118,261 bilhões de transações de pagamentos em tempo real globalmente no ano passado, crescimento de 64,5%. Esse número deve saltar para 427,7 bilhões em 2026, segundo a GlobalData.