- A Via Varejo, dona das Casas Bahia e Ponto Frio, anunciou uma oferta pública de 220 milhões de ações ordinárias, com a possibilidade de mais um lote de mais 77 milhões
- O negócio da rede varejista tem correspondência direta com fatores macroeconômicos, como renda e desemprego, que, inclusive, vão nada bem devido à pandemia de covid-19
- Os recursos da oferta serão destinados não só para otimização da estrutura de capital da companhia, incluindo reforço de capital de giro, mas também para investimento em tecnologia, logística, inovação e desenvolvimento
A Via Varejo (VVAR3), dona das Casas Bahia e Ponto Frio, anunciou uma oferta pública de 220 milhões de ações ordinárias, com a possibilidade de mais um lote de 77 milhões.
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Prestes a concluir sua oferta, a empresa já tem demanda suficiente para concluir a operação, que pode chegar a R$ 4 bilhões se todos os lotes extras forem vendidos, segundo informações da Coluna do Broadcast. A expectativa é que o dinheiro seja usado para reforçar a operação digital da companhia e seguir com a mudança de posicionamento.
Mas esse é realmente um bom negócio para quem quer investir? Entre os sinais de alerta acesos por especialistas, é preciso ciência de que o negócio da rede varejista tem correspondência direta com fatores macroeconômicos, como renda e desemprego, que, inclusive, não vão nada bem devido à pandemia de covid-19.
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O analista-chefe da Planner Corretora, Mário Mariante, afirma que esse é um tipo de investimento com retorno, pelo menos, no médio prazo.
“Quem aposta na ação agora, tem que esperar o meio do ano que vem, porque tem uma série de problemas na Economia. Os números vão sair muito ruins em julho, o que pode segurar o mercado lá na frente e os papéis não andarem”, analisa Mariante.
O primeiro trimestre do ano, apenas com metade de março afetada pela pandemia, revelou um encolhimento de 1,5% do PIB. A expectativa é ainda pior para o segundo semestre, com abril, maio e parte de junho impactados pela crise sanitária. Há projeções, como a do Bradesco, que indicam uma queda de 5,9% em 2020.
Além disso, Mário lembra que o varejo trabalha com margens brutas de lucro muito apertadas, uma característica do setor. Portanto, não se deve esperar grandes retornos no final das contas. “Aquele investidor que quer lucros mais robustos fica meio reticente de ir para o varejo, porque este fatura muito mas na última linha sobra pouco”, elucida Mariante.
Investimento no e-commerce
Diversos estados já ensaiam a reabertura do comércio, o que pode ajudar na retomada de fôlego da varejista. Mas a potencialização do e-commerce é um caminho inevitável e pode animar investidores, uma vez que grandes concorrentes, como Magazine Luiza e Lojas Americanas, têm bom desempenho neste modelo de vendas on-line.
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Tanto que os recursos da oferta serão destinados não só para otimização da estrutura de capital da companhia, incluindo reforço de capital de giro, mas também para investimento em tecnologia, logística, inovação e desenvolvimento.
O Credit Suisse observou que a oferta vem para suprir os custos elevados no fortalecimento tecnológico da Via Varejo, “fundamental” na disputa desse mercado, “especialmente em um cenário em que a maioria dos concorrentes levantou uma quantia significativa de dinheiro nos últimos 15 meses”.
“Vemos o comércio eletrônico brasileiro como um jogo de crescimento. A consolidação neste mercado será difícil e, ao que parece, envolverá a construção de um ecossistema mais completo (que exige alto fluxo de tráfego, grande variedade, soluções de pagamento, entre outros)”, diz o relatório do banco suíço.
Como ficam as ações
A Via Varejo foi clara ao lançar a oferta de ações, que serão negociadas a partir de 17 de junho, no sentido de reforçar seu capital de giro e reestruturar-se financeiramente. Afinal, lojas fecharam e é preciso não só melhorar a liquidez, como também a experiência dos clientes na reabertura do comércio e principalmente no ambiente on-line.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, afirma que até o período de precificação do papel, no dia 15, as ações deverão cair. Esse é um efeito que visa atenuar os riscos para que o investidor entre no negócio com um preço mais convidativo.
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“O mercado sabe que, ao escolher diluir seus atuais acionistas, a empresa possivelmente não tem condições favoráveis para acessar ou os seus próprios recursos ou o crédito bancário, outro tipo de credor. Por si só, o movimento de vir a mercado é encarado pelos investidores como uma mensagem da companhia, que está faltando algo”, explica Arbetman.
De todo modo, o analista lembra que há uma mitigação dessa desconfiança, já que a companhia foi clara ao informar seus planos com a oferta de ações.
“Mas é natural que a gente veja essa cobrança de um prêmio de risco maior e uma tentativa de exercimento de um poder de barganha maior por parte dos investidores diante da deflagração de uma situação onde a companhia vem a público dizer que está necessitando de tais recursos”, acrescenta o analista da Ativa.