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Colunista

Por que o dólar é a moeda que mais impacta as economias mundiais?

De estímulos à indústria e ao setor agrícola e aliança com a tecnologia, dólar se fortificou em sua trajetória

Dólar exerce muita força no exterior, principalmente frente  a moedas de mercados emergentes. (Foto: Reuters/Lee Jae-Won)
Dólar exerce muita força no exterior, principalmente frente a moedas de mercados emergentes. (Foto: Reuters/Lee Jae-Won)

Não é novidade que o dólar impacta muito as demais economias ao redor do mundo, porém ainda há dúvidas sobre o motivo de tal importância. Como a história é construída pelo decorrer de acontecimentos ao longo do tempo, a prevalência do dólar na economia global também se deu por uma série de fatores.

Nos estudos econômicos sobre o porquê uma economia cresce e outra não, pelo menos partindo do horizontes de medidas quantitativas existentes, levanta- se a questão da importância da tecnologia no desenvolvimento de ideias novas e no crescimento econômico de um país. De forma não generalizada, visto que todos os países têm suas próprias singularidades, os Estados Unidos conseguiram unir no processo de industrialização e avanços tecnológicos o desenvolvimento do território interno, ligando o sul agrícola ao norte/nordeste, que passaria a ser a parte focada em indústrias.

Fomentada a indústria interna em um território com infraestrutura, os EUA realizaram um papel de grande fornecedor de recursos na primeira e na segunda guerra mundial. Sem perdas territoriais, as fábricas norte-americanas tinham obtido um novo grande mercado que, de forma geral, abrangia todo o território europeu. Assim, entendendo brevemente a história por trás do posicionamento do país e pontuais viradas de chave para sua economia, conseguimos visualizar o lugar de sua moeda, o dólar, no cenário mundial.

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Especificando a análise no impacto do dólar no Brasil, uma das observações mais faladas atualmente tem relação ao receio de recessão na economia norte-americana, visto o mercado aquecido e a pressão inflacionária no território que está levando a um aumento recorde em mais de duas décadas na taxa básica de juros. No Brasil, muitos dos nossos recursos básicos como petróleo, trigo e insumos para agricultura são importados e, consequentemente, têm preços dolarizados. Assim, entende-se que o crescente encarecimento do crédito estadunidense resulta aos países influenciados pelo dólar – ou seja, com moeda desvalorizada na comparação – um aumento ainda maior.

Na prática, podemos ver tal dinâmica nas previsões para inflação e taxa de juros dos dois países no início de 2022 e os dados de fato divulgados. No caso da inflação, esperava-se um aumento nos preços (índice CPI) de 2,6% no ano nos Estados Unidos, elevou-se a previsão em março, chegando a 4,3%. Por fim, atingiu 8,6% em 12 meses, período que vai de junho de 2021 a maio de 2022, o maior resultado desde dezembro de 1981, segundo os dados do Departamento do Trabalho estadunidense.

No Brasil, o Banco Central prevê um aumento da inflação de 8,8% no ano de 2022, acima da projeção de março, que era de 6,3%. No acumulo de 12 meses, o índice de preços (IPCA) avançou 11,7% até maio. Avanço também ocorreu na previsão da taxa básica de juros, a Selic, na qual previa-se seu fechamento no final deste ano em 12,75%.

Visto o cenário internacional, que continua com inflação de oferta, e as expectativas de aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, o clima na economia é de receio. Apesar da alta preventiva feita pelo Banco Central brasileiro iniciada já no final de 2021, ainda acredita-se na continuidade das altas da taxa Selic por pelo menos um pequeno período para conseguir se concretizar a última previsão de 13,75% a.a. Vamos precisar saber conviver por um período mais longo de juros mais altos e de economia mundial (e local) ainda bastante fragilizada.

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