- Parreiras, da Verde, Carlos Woelz, sócio-fundador da Kapitalo, e Daniel Motta, sócio e gestor da BTG, participaram do Nord Experience neste sábado (25)
- Os especialistas falaram sobre o atual patamar de preço da bolsa de valores brasileira e a inflação mundial
“É horrível dizer isso, mas quanto mais rápido a economia afundar, melhor”. Essa foi a frase de Luiz Parreiras, respeitado gestor multimercado e sócio da Verde Asset, durante um evento promovido pela Nord Research e patrocinado pelo BTG Pactual neste sábado (25). O especialista discursou no painel sobre inflação global e juros em alta junto com Carlos Woelz, sócio-fundador da Kapitalo, e Daniel Motta, sócio e gestor de portfólio da BTG Pactual.
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A afirmação foi feita sob contexto dos efeitos da alta de juros na economia. Apesar de a taxa Selic estar em 13,25%, a economia ainda não dá sinais de uma desaceleração que permita o Banco Central encerrar o ciclo de aperto monetário.
Na visão de Parreiras, a economia brasileira está demorando para ceder porque o governo continua injetando dinheiro de forma impensada, o que retroalimenta a inflação. A percepção do especialista é que o BC luta sozinho contra o aumento de preços.
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“O governo é sócio da inflação”, afirma o gestor. “Em vez de tirar o estímulo, o governo ficou nessa coisa maluca de dar mais estímulo. O auxilio emergencial era para ser temporário e está cada vez mais permanente. O Executivo continuou pisando no acelerador.”
A perspectiva fiscal dos próximos anos também é nebulosa. Parreiras não vê o presidente Jair Bolsonaro ou Lula dispostos a fazer restrições fiscais, o que alimenta a expectativa de o país ter que conviver com juros mais altos nos próximos anos.
As incertezas políticas também afastam o gestor da Verde da Petrobras (PETR4), mesmo com a ação da empresa barata e com a tendência de alta no preços das commodities nos próximos cinco anos. “Preferimos empresas menores, como Petrorio, e companhias americanas”, afirma Parreiras.
Para ele, os grandes riscos de mercado em torno das eleições são os governantes tomarem decisões não esperadas. “O maior risco é um Bolsonaro com um Ministério da Fazenda comandado pelo Centrão”, afirma. “Já o risco do governo Lula é enveredar por um Mercadante, totalmente virado para a esquerda.”
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Por fim, o especialista vê a bolsa brasileira muito barata e o real excessivamente depreciado. A dúvida, segundo ele, é se ficará ainda mais barata para frente. “Pela primeira vez, o fundo está comprado em real. O câmbio deveria ser mais baixo”, diz.
Kapitalo: “É impossível não ter recessão nos EUA”
Quando o assunto é mercado americano, Woelz, da Kapitalo, vê como inevitável e praticamente ‘impossível’ não ter uma recessão nos EUA. O especialista explica que espera que o Federal Reserve (BC americano) suba os juros acima do esperado para conter a inflação alta das últimas décadas. Além disso, o número de vagas em aberto no mercado de trabalho americano torna o cenário ainda complicado do ponto de vista monetário.
Woelz também não vê sinais claros de fim do ciclo de aperto no exterior ou no Brasil. “Eu não acho que dá para você apostar em queda de juros antes da economia desacelerar. Enquanto o desemprego não começar a subir, não dá pra fazer apostas em quedas de juros nominais”, afirma.
Apesar de uma recessão ser praticamente certa, isso não significa que não há oportunidades na Bolsa. Pelo contrário. “Recessão é para comprar, não para vender. Não é hora de vender mais, já passou a hora de ficar super short”, afirma Woelz.
BTG: “Os gringos adoram o Lula”
Motta, sócio e gestor de portfólio da BTG Pactual Asset, também vê uma recessão quase como ‘certa’. Na visão dele, o Fed e os demais bancos centrais terão que ir ‘além da conta’ para chegar na meta de inflação.
“Ingenuidade achar que vamos voltar para meta sem colocar o crescimento para baixo. A recessão está quase como dada”, afirma Motta.
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Já quando o assunto são eleições, o gestor vê o candidato petista com mais chances de vitória – o que não iria assustar o investidor estrangeiro. “Não é que os gringos gostam do Lula, os gringos adoram o Lula”, afirma o especialista do BTG. “