- Os papéis do IRB já caem 91% em relação ao preço fixado no IPO, realizado em 2017
- Até às 13h04 desta terça-feira (28), a IRBR3 estava sendo negociados a R$ 2,26 - a mínima histórica de cotação
- Corretoras mantém visão cautelosa para os ativos. A companhia luta para retomar a credibilidade e lucratividade após fraudes contábeis descobertas em 2020
Em julho de 2017 o ressegurador IRB (IRBR3) realizava IPO na B3, com a ação fixada em R$ 27,24, piso da faixa indicativa. Cinco anos depois, os papéis cedem mais de 91% em relação ao preço da oferta pública inicial. Até às 14h44 desta terça-feira (28), a ação IRBR3 estava sendo negociada a R$ 2,25 – a mínima histórica de cotação.
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A derrocada acontece na esteira das fraudes descobertas nos balanços da empresa ainda no início de 2020. Desde então, a ex-estatal tenta retomar não só a credibilidade junto aos investidores, mas a lucratividade. Isto porque após as correções nos resultados, o ressegurador amargou constantes prejuízos.
Na última quarta-feira (22), mais uma baixa foi anunciada pela empresa. Desta vez, um prejuízo de R$ 92,7 milhões somente em abril deste ano, totalizando um resultado negativo de R$ 12,2 milhões no conjunto dos quatro primeiros meses de 2022. Somete nos últimos quatro pregões da bolsa, as ações caíram 18,73%.
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Após os novos dados, a Genial Investimentos manteve a recomendação de vender para IRBR3. A visão negativa se deve à expectativa de que a companhia tenha que levantar capital devido aos constantes prejuízos, além do aumento da sinistralidade no segmento agro (acionamento do seguro).
Essa necessidade de levantar capital também havia sido indicada pelo BTG Pactual em maio. A instituição financeira possui visão neutra para os ativos. “Embora ainda acima dos níveis regulatórios mínimos, a combinação de crescimento de prêmios e lucratividade ainda muito baixa provavelmente significa que o IRB precisará levantar capital em breve. Recentemente, aprovou a possibilidade de levantar R$ 1,2 bilhão ‘se necessário’. Ainda não há decisão oficial”, afirmou o banco, em relatório.
Para Matheus Jaconeli, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, os últimos dados financeiros da empresa foram considerados bem fracos e, em um momento de aversão a risco, como o atual, os papéis devem continuar sofrendo. “Não temos ainda algo muito visível em relação ao IRB. O ressegurador vem tentando buscar resultados, teve uma diminuição do prejuízo, mas ainda assim está em uma situação bem sensível. Para mim, o momento não é de compra”, diz Jaconeli.
Mario Goulart, analista da 02Research, vê o case do ressegurador como bastante complexo e com alto nível de incertezas. “Parece que desde que as fraudes foram descobertas tudo deu errado para essa empresa. Foi uma tempestade de problemas que ocorreu no IRB”, diz. “Não é uma empresa que deixa a gente muito animado, é uma seguradora que tem mais dívida que caixa, uma série de itens que dão um certo desânimo e isso reflete no preço da ação.”
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O especialista afirma que esse tipo de ativo é para quem pode correr bastante risco e que está disposto a enfrentar talvez um longo período de baixas. “Grandes valorizações vem de empresas em dificuldades. Quem quiser, até pode fazer uma aposta, mas precisa ser muito bem dosada”, afirma Goulart.