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- Presidente da Blackrock no Brasil, Karina Saade, que participou nesta tarde de painel no Fórum de Investimentos Sustentáveis da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP)
- Em entrevista a Daniel Izzo, sócio-fundador da gestora de investimentos de impacto Vox Capital, no painel, Saade afirmou que a Blackrock evita o filtro negativo como estratégia ESG
- Ela destacou que, até 2050, serão necessários cerca de US$ 4 trilhões em investimentos por ano para o mundo cumprir a meta de zerar emissões de gases de efeito estufa
Por Karla Spotorno – Um grande desafio de investimentos sustentáveis é precificar e incorporar os riscos ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) na análise de ativos financeiros. O diagnóstico é da presidente da Blackrock no Brasil, Karina Saade, que na quinta-feira (11) participou de painel no Fórum de Investimentos Sustentáveis da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).
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“Outro grande desafio é mostrar ao investidor que um investimento ESG tem tanto retorno quanto um tradicional”, disse a executiva. Ela contou que, quando coloca a sigla ESG no nome de um fundo multiativos da Blackrock, a venda é menor. “E isso acontece porque muitos investidores entendem que, por ser ESG, o retorno vai ser menor. Mas não é verdade”, disse Saade.
Em entrevista a Daniel Izzo, sócio-fundador da gestora de investimentos de impacto Vox Capital, no painel, Saade afirmou que a Blackrock evita o filtro negativo como estratégia ESG porque “desinvestir” de empresas não sustentáveis traz dois problemas. Um é reduzir o universo de empresas investíveis nos fundos da gestora, que é a maior do mundo, com cerca de US$ 10 trilhões sob gestão. Outro é que esse filtro não é o mais favorável para os clientes. O melhor caminho para a Blackrock, diz Saade, é o engajamento com as empresas. “Cabe a nós [como gestora] assumir uma postura mais ativa e engajar com as empresas”, disse Saade.
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Um terceiro desafio na avaliação de empresas sob os critérios ESG é, segundo Saade, o fato de nem todas as empresas reportarem dados sobre questões ambientais, sociais e de governança e, aquelas que reportam, não seguem um padrão.
Transição energética
A transição energética para fontes de baixo carbono no mundo é encarada na Blackrock como uma oportunidade para encontrar novos “unicórnios”, segundo Saade. “Antigamente, víamos como um desafio. Mas acreditamos que a transição para um mundo de baixo carbono vai ser uma oportunidade histórica como foi a criação do smartphone. Vai gerar muita inovação e novas empresas, sobretudo no mercado privado [companhias de capital fechado]”, disse a presidente da Blackrock no Brasil.
Ela destacou que, até 2050, serão necessários cerca de US$ 4 trilhões em investimentos por ano para o mundo cumprir a meta de zerar emissões de gases de efeito estufa. “[Essa necessidade de investimento trilionário] vai resultar no surgimento de novas tecnologias Ou seja, vão surgir novos unicórnios que ajudarão nessa transição. Precisamos estar atentos para descobrir quem são eles”, diz.
Saade contou que, na Ásia, a Blackrock levantou um fundo de US$ 800 milhões em parceria com uma empresa local para identificar os empreendedores que estão inovando nessa temática de transição energética. “Vejo a Blackrock no Brasil formando parcerias locais também para identificar esses possíveis unicórnios”, disse a executiva.