(Estadão Conteúdo) — A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, avalia que a autoridade não pode mais confiar apenas nas projeções fornecidas por seus próprios modelos. Em entrevista ao jornal Le Figaro, realizada em 13 de julho, mas divulgada hoje, a dirigente lembrou que as projeções tiveram que “ser repetidamente revisadas para cima nos últimos dois anos”.
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“Há coisas que os modelos não captam. Às vezes o inesperado acontece. Portanto, temos que prestar atenção aos indicadores tradicionais, ao mesmo tempo em que monitoramos os dados empíricos e o que esperamos que aconteça em termos de geopolítica, evolução dos preços da energia e demografia”, afirmou.
Lagarde disse ainda não estar preocupada com o resultado final da política, já que sabe que a inflação voltará a um nível de 2%, a meta da instituição. No entanto, ponderou outros aspectos, como o tempo que levará para retomar este patamar, e qual será o impacto. Segundo ela, quando a recuperação pela crise da covid-19 estava em andamento, “e estávamos vendo uma perspectiva estável com um pouco de espaço para respirar”, a guerra na Ucrânia “nos mergulhou novamente em crise”.
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Outra questão colocada pela pandemia é a dependência de cadeias de fornecimento. “Devemos focar em fontes exclusivas de abastecimento, ou diversificar?”, ponderou Lagarde. “Não sou a favor da desglobalização, mas sim de uma neoglobalização baseada em princípios que não sejam cada vez mais baratos e cada vez mais rápidos”, afirmou a dirigente.
A dirigente ainda destacou os riscos das mudanças climáticas para a política monetária. “Se ocorrerem cada vez mais desastres, secas e fomes em todo o mundo, haverá repercussões nos preços, nos prêmios de seguros e no setor financeiro. Precisamos levar isso em consideração”, disse.