- Na simulação foram considerados três quantias de aportes mensais em ações com rendimento de dividendos mínimo de 6%
- O estudo considerou custo de locação mensal de R$ 3,5 mil.
- Estudo considerou aportes mensais de R$ 500, R$ 1 mil e R$ 1,5 mil
O preço do aluguel faz parte da lista das despesas consideradas essenciais de qualquer pessoa que ainda não possui casa própria. E assim como ocorreu com os alimentos, o custo de locação dos imóveis ficou mais caro no País. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR) subiu 1,76% em agosto, o que representa uma aceleração em relação ao avanço de 1,05% registrado no mês anterior. Em 12 meses, o índice apresentou uma alta acumulada de 10,41%.
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Esses recentes aumentos obrigam os brasileiros a se adaptarem para incluir a inflação no próprio orçamento. No entanto, com um bom planejamento financeiro, os dividendos pagos pelas companhias podem se tornar um grande aliado para arcar com a despesa de moradia.
Uma simulação realizada pelo AGF (Ações Garantem Futuro), a pedido do E-Investidor, mostra o tempo necessário que o inquilino precisa investir para conseguir custear o preço do aluguel por meio de dividendos. O estudo considerou custo de locação mensal de R$ 3,5 mil. Segundo o relatório do Imovelweb, o valor equivale ao preço médio (R$ 3.410 – julho) do aluguel de um apartamento de 65 metros quadrados e com dois quartos na cidade de São Paulo.
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Desta forma, para que os dividendos das ações fossem suficientes para pagar o aluguel de um apartamento na capital paulista, o investidor precisaria de um retorno no valor de R$ 42 mil por ano, levando em consideração rendimento mínimo de 6%. Para isso, seria necessário um investimento total de R$ 700 mil em companhias pagadoras de dividendos para alcançar a renda mensal de R$ 3,5 mil.
Como esse valor de aplicação única está bem acima dos padrões da realidade financeira dos brasileiros, o estudo também simulou o tempo necessário de investimento para que as pessoas conseguissem chegar até esse montante. Nesta segunda etapa, foram consideradas três quantias de aportes mensais nos seguintes valores: R$ 500, R$ 1 mil e R$ 1,5 mil.
Caso o investidor mantenha as aplicações mensais, conseguiria ficar “livre” de pagar aluguel em aproximadamente entre 12 anos a 21 anos de investimento. “Apesar de parecer bastante tempo, estamos falando de uma renda de cerca de três a sete vezes maior do que o capital mensal investido com potencial de valorização (no preço do papel) da ação bem superior ao da simulação”, explica Felipe Ruiz, sócio do AGF.
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A simulação também considerou o reinvestimento a partir dos retornos dos primeiros aportes. Para Ruiz, essa estratégia é de extrema importância para o planejamento financeiro porque potencializa os ganhos do investidor no médio e no longo prazo. “Falo em utilizar os dividendos gerados por ações para comprar novos papéis que possam pagar mais dividendos”, ressalta.
A carteira de investimentos
O tempo de investimento e os valores dos aportes não devem ser as únicas variáveis a serem consideradas quando o objetivo consiste em ter uma renda extra por meio dos dividendos. O investidor precisa montar um portfólio voltado para as ações que possam oferecer retorno financeiro.
Nesta ótica, Ruiz aconselha o investidor a identificar quais são as companhias que costumam distribuir parte do seu lucro com os acionistas de forma regular a partir do seu histórico e do modelo de negócio de cada companhia.
Na prática, isso significa que as ações de empresas de setores cíclicos, como as de varejo, devem estar fora do seu portfólio. “Essas empresas podem oferecer dividendos excelentes na fase positiva do ciclo, mas reduzir drasticamente as distribuições na fase de vacas magras”, explica.
Assim, o olhar do investidor deve se voltar para setores considerados defensivos e que possam oferecer relativa segurança em previsibilidade de fluxo de caixa. Na avaliação de Felipe Cima, as ações dos bancos, empresas do setor de telecomunicação e, principalmente, as de energia elétrica se enquadram neste perfil.
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“As empresas de transmissão de energia têm previsão de receitas por meio de contratos e as companhias conseguem atualizar os seus contratos, repassando a inflação”, explica. “No médio e longo prazo, a gente consegue ver que essas companhias são perenes na distribuição de dividendos”, acrescenta Cima.
Além da escolha estratégica dos papeis, é preciso ter em mente que, ao contrário dos fundos imobiliários, não há previsibilidade exata para o pagamento de dividendos por parte das empresas. Desta forma, Daniel Carraretto, educador financeiro e criador do canal Meu Dinheiro Ativo, no Youtube, aconselha ao investidor considerar apenas o porcentual que a companhia costumar pagar em proventos em um intervalo de um ano. A estratégia ajuda no planejamento financeiro.
“Na prática, não existe essa obrigação. Não é porque a empresa sempre distribuiu em junho que ela vai sempre distribuir em junho”, explica Carraretto. “O dividendo yield (rendimento do dividendo) anual traz um pouco mais de realidade do que se investidor considerar o pagamento em um determinado mês”, complementa