O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou que a desaceleração do crescimento econômico na zona do euro esfriará a demanda e ajudará a conter os preços, mas não deve ser suficiente para controlar totalmente a inflação.
Leia também
Em entrevista ao jornal Expresso, publicada hoje no site do BCE, o dirigente explicou que a piora da economia terá impacto sobre o quadro inflacionário. “Mas, simultaneamente, temos que agir do ponto de vista da política monetária para manter as expectativas de inflação ancoradas e evitar efeitos de segunda ordem”, defendeu. Guindos reforçou o compromisso do BC em europeu em reduzir a inflação de volta à meta de 2%. Segundo ele, após subir juros em 50 pontos-base em julho e em 75 pontos-base em setembro, a instituição deve voltar a subi-la nos próximos meses.
No entanto, o dirigente esclareceu que o BCE não tem uma estimativa sobre qual deve ser a taxa neutra – em que não pressiona nem estimula a economia – ou a terminal – que encerra o ciclo de aperto. “Não decidimos nada”, ressaltou.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
O vice-presidente acrescentou que não há uma meta para a taxa de câmbio, embora ela seja monitorada “cuidadosamente”. De acordo com ele, a recente desvalorização do euro teve efeito negativo sobre os custos de energia. “Se o euro parasse de se desvalorizar, isso poderia ser positivo e apoiar o combate à inflação”, especulou. Na visão de Guindos, as medidas fiscais adotadas por governos para aliviar a escalada do custo de vida deve ser “temporária e direcionada”. Ele disse ainda que o aumento de juros pode ser positivo para o sistema bancário. “Mas, ao mesmo tempo, temos que lembrar que o aumento das taxas de juros também afetará os custos de captação dos bancos”, alertou.