O Credit Suisse também reiterou a classificação 'outperform' para as empresas. (Foto: Reuters/Arnd Wiegmann)
A equipe de analistas de mercado imobiliário do Credit Suisse elevou hoje as recomendações para as ações de Cyrela (CYRE3) e Direcional (DIRR3) para “outperform” (perspectiva de desempenho acima da média do mercado). O Credit Suisse também reiterou a classificação “outperform” para a MRV (MRVE3) e manteve a perspectiva de neutro (desempenho em linha com mercado) para Eztec (EZTC3) e Tenda (TEND3). As classificações indicam um movimento otimista em torno do setor imobiliário.
Para Cyrela, o preço-alvo foi posicionado em R$ 21. Apesar da visão cautelosa para o segmento de médio e alto padrão, os analistas apontam a Cyrela como uma empresa melhor posicionada em relação aos concorrentes para atingir números positivos de vendas e retorno. Além disso, consideram como positivo a liquidez das ações, o que pode atrair investidores estrangeiros em caso de entrada no mercado local.
Para Direcional, o preço-alvo também ficou em R$ 21, com os analistas contando com perspectiva de um forte retorno sobre o investimento (ROE, na sigla em inglês) graças à resiliência das operações. Também acreditam que o valuation (valor do ativo) mais justo seria de 2,3 vezes o P/BV (preço sobre o valor patrimonial por ação, na sigla em inglês), contra o atual 1,6 vez.
O movimento indica um otimismo crescente de analistas com o setor imobiliário. Ontem (27), analistas do Santander Brasil subiram as projeções de preço-alvo de Cyrela, JHSF (JHSF3), Eztec, Even (EVEN3) e Tecnisa (TCSA3) para 2023.
No relatório de hoje, os analistas Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga, do Credit Suisse, afirmam que ainda está cedo para confirmar se o cenário macroeconômico ficou positivo de fato. Entretanto, ponderam que se a tendência de queda nas taxas de longo prazo se acentuar, a expectativa é a de que as ações das incorporadoras passem por uma reavaliação significativa – algo que os investidores não vão querer perder, ressaltam.
Segmento de baixa renda
O time do Credit Suisse reitera a preferência pelas empresas que atuam no segmento de baixa renda, dentro do Casa Verde e Amarela (CVA), pois enxergam aí uma alternativa de hedge (proteção) dos resultados eleitorais, além de terem perspectivas favoráveis em função dos ajustes no programa habitacional.
“Os ajustes recentes do Casa Verde e Amarela parecem ser a solução para as margens pressionadas das empresas, abrindo caminho para que nossa visão se torne positiva para o segmento”, afirmam.
Além disso, apontam que o programa está “protegido dos resultados das eleições” e que, provavelmente, será estimulado por ambos os candidatos, como no passado, tornando as construtoras de baixa renda uma alternativa atraente de curto a médio prazos.
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Para as incorporadoras do mercado de médio e alto padrão, eles citam que ainda há ventos contrários, embora acreditem que as empresas mais experientes, com domínio da parte comercial e um cronograma robusto de lançamentos, têm potencial para contornar o cenário desafiador com vendas e retornos consistentes.
“Ainda há ventos contrários para as incorporadoras do médio padrão, mas parece que finalmente podemos ver uma luz no fim do túnel para a dinâmica do segmento”, afirmam. “Os custos, que têm sido uma das principais preocupações do setor, começaram a desacelerar, abrindo espaço para uma amortização da tendência de queda das margens”, dizem, no documento.
“No entanto, o copo está apenas meio cheio”, ressaltam os analistas do Credit Suisse. Eles lembram que os estoques de imóveis de São Paulo estão próximos do recorde histórico (64 mil unidades), enquanto os bancos privados parecem ter diminuído o apetite por contratações de crédito imobiliário (as originações caíram 40% no ano), enquanto as taxas estão perto de dois dígitos.
“Dessa forma, acreditamos que apenas empresas altamente experientes e com fortes pipelines (cronograma) de lançamentos poderiam posicionar seus projetos com sucesso e manter velocidades de vendas saudáveis”, descrevem Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga.