- Os economistas do BIS buscaram entender a relação do preço do BTC com a entrada de novos investidores no mercado
- A análise mostrou que a alta do preço do ativo de maior valor de mercado é acompanhada pela entrada de novos investidores
- Por outro lado, cerca de três quartos desses investidores podem ter perdido dinheiro com a classe de ativo
Os movimentos de alta do preço do bitcoin são os principais responsáveis por atrair os investidores de “varejo” (pessoa física) ao mercado de criptoativos. No entanto, aproximadamente três em cada quatro investidores, que buscaram ter lucros nesses períodos de alta, podem ter tido prejuízos financeiros em decorrência pela intensa volatilidade da moeda.
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É o que revela um estudo publicado pelo Bank Of International Settlements (BIS), organização internacional responsável por supervisionar os bancos mundiais. A análise feita pelos economistas da instituição financeira foi publicada nesta quarta-feira (16) e buscou analisar a relação entre o que motiva os investidores de 95 países a se posicionar no BTC, maior criptomoeda em valor de mercado, e a variação do preço do ativo entre os anos de 2015 e 2022.
De acordo com o estudo, as mudanças no preço do bitcoin foram seguidas por um aumento de novos usuários interessados em investir no ativo. Por outro lado, a entrada desses novos investidores no mercado não aconteceu de forma imediata aos movimentos de recuperação do BTC. Pelo contrário, o crescimento da posição dos investidores ocorreu após dois meses do aumento da cotação do ativo.
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“Essa relação defasada poderia sugerir que os usuários entram no sistema atraídos por preços altos e na expectativa de que os preços continuem subindo”, dizem os economistas do BIS em estudo.
O problema é que a busca para encontrar o momento perfeito para comprar bitcoin pode ter causado prejuízos para os investidores do varejo. “No geral, os cálculos sugerem que cerca de três quartos dos usuários perderam dinheiro em seus investimentos em bitcoin”, disseram os economistas. O intervalo de tempo analisado pelo estudo compreende um período em que o bitcoin saiu de US$ 250 em agosto de 2015 para quase US$ 69 mil em novembro de 2021. Atualmente, o ativo segue negociado na faixa dos US$ 16 mil.
Na avaliação de João Galhardo, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, a perda de dinheiro acontece porque os momentos de fortes altas costumam ser acompanhados por fortes quedas. Isso acontece porque, quando o preço do ativo aumenta, os investidores de varejo compram os BTCs dos investidores institucionais que adquiriram a moeda em momentos de baixa por entenderem a tese da criptomoeda.
“Essa estratégia (de comprar em movimentos de alta) funcionava em 2020 porque estávamos em um período de expansão monetária”, afirma. Atualmente, o cenário é outro devido ao ciclo de aperto monetário nos principais mercados e adotar essa postura pode ser arriscado diante da aversão ao risco causado pela sequência de alta de juros. Aliado a isso, a crise financeira da FTX, terceira maior corretora do mundo, ajudou a criar um ambiente de incertezas.
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Por esse motivo, manter os aportes periódicos independente da cotação do ativo pode ser a melhor estratégia para quem deseja lucrar com a possibilidade de alta da criptomoeda no longo prazo. “Essa pode ser a estratégia que ajuda minimizar os prejuízos financeiros”, diz Galhardo.
Os aportes periódicos não devem ser suficiente para manter uma exposição “segurança” do investidor. Para Israel Buzaym, Head de Comunicação da Bitpreço, essa margem deve ser de 10% do patrimônio alocados em criptomoedas. Para os usuários menos experientes, o porcentual ideal de exposição deve ser menor ainda, em torno de 5%. “Mesmo para especialistas, não faz sentido uma exposição maior do que 20%”, afirma.
A justificativa para a baixa exposição se deve à volatilidade do ativo e à possibilidade dos períodos de queda durarem por vários anos. “Se acontecer uma emergência e o investidor precisar do capital, ele pode ser obrigado a realizar prejuízos imensos”, diz Buzaym.