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Dólar cai 0,50% em dia de ajustes, mas avança 0,77% na semana

No fim do dia, a moeda americana era cotada a R$ 5,3748

Dólar cai 0,50% em dia de ajustes, mas avança 0,77% na semana
Notas de dólar, ventiladas nas mãos da mulher. Foto: Envato Elements

Após dois pregões consecutivos de valorização, em que subiu 1,92% e chegou a tocar R$ 5,50 em máximas intraday, o dólar recuou nesta sexta-feira (18), na contramão do sinal predominante de alta da moeda americana no exterior. Profissionais do mercado atribuem a baixa de hoje a ajustes para correção de exageros recentes, quando investidores promoveram uma “reprecificação” da taxa de câmbio em meio a temores de piora do quadro fiscal e a especulações sobre o perfil da futura equipe econômica.

Esses ajustes teriam como propulsores a possibilidade de desidratação da PEC da Transição no Congresso Nacional, com valor abaixo dos R$ 198 bilhões da minuta original, e fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre eventual reação da autoridade monetária à possível degringolada na área fiscal.

Rumores dando conta de que o ex-ministro da Educação Fernando Haddad era bem cotado para o ministério da Economia, negadas pela direção do PT, provocaram solavancos, mas não mudaram o sinal da taxa de câmbio. Ontem, na reta final do pregão, o dólar reduziu bastante o ritmo de alta com a saída do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega da equipe de transição de governo.

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Em baixa desde a abertura dos negócios, a divisa correu hoje entre margens estreitas, oscilando cerca de sete centavos entre a máxima a R$ 5,3943 (-0,14%) e a mínima a R$ 5,3296 (-1,33%), ambas registradas pela manhã. No fim do dia, o dólar era cotado a R$ 5,3748, em baixa de 0,50%. Apesar do refresco hoje, a moeda encerra a semana em alta de 0,77% e já acumula valorização de 4,04% em novembro. Em 2022, o dólar ainda cai 3,61% frente ao real, que, no conjunto de moedas globais mais relevantes, tem desempenho inferior apenas ao do peso mexicano.

Em evento pela manhã, Campos Neto disse que é “muito difícil para os mercados entender qual será o arcabouço fiscal à frente” e que, dependendo do que for definido, pode haver interferência no cenário do Banco Central. “É importante ter disciplina fiscal e olhar para o social. O Brasil tem o desafio de comunicar que tem disciplina fiscal”, afirmou Campos Neto. “Se acreditarmos que convergência não acontecerá por fiscal, vamos reagir”.

As declarações de Campos Neto inibem apostas em corte da taxa Selic no primeiro semestre de 2023 – o que, em tese, é favorável ao real, dado que mantém um diferencial de juros interno e externo ainda elevado, mesmo com a continuidade do aperto monetário nos Estados Unidos.

“O mercado está precificando uma piora da dívida pública com essa incerteza com a política fiscal. A PEC da Transição veio com gasto acima do esperado e pode mexer com a trajetória futura da Selic, que vai permanecer em nível elevado por mais tempo”, afirma Guilherme Mendes, especialista em renda fixa da Blue 3.

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Mendes observa que a moeda americana tem se valorizado frente a outras moedas em razão do aperto monetário nos EUA, que já começa a ter efeitos sob a dinâmica inflacionária por lá. “O Brasil paga um juro real bem alto. Mas quando se olha a relação risco e retorno, os Estados Unidos ficam mais atrativos”, afirma Mendes, ressaltando que a “cautela” e o risco fiscal impedem apostas contundentes na moeda brasileira.

Economistas do Citi acreditam que o Congresso vai aprovar a PEC da Transição, mas que deve endurecer as negociações para diminuir o tamanho da flexibilização fiscal proposta, de R$ 198 bilhões (2% do PIB). O Citi projeta que a dívida pública bruta aumente de 75,8% do PIB em 2022 para 81% em 2023. Esse cenário assume que o governo do presidente eleito consiga aprovar um projeto que amplie os gastos públicos em R$ 150 bilhões (1,5% do PIB) em 2023.

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