Após a divulgação do Boletim Focus, com altas nas projeções das taxas de câmbio, Selic e inflação, o economista-chefe da XP Investimentos, Rodolfo Margato, ressalta que as projeções indicam que o mercado está atento ao rumo da política fiscal e seus possíveis impactos nos indicadores macroeconômicos.
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“Perspectiva pior da dívida pública pode colocar as expectativas inflacionárias em patamares mais elevados, diminuir o espaço para corte de juros do Banco Central (BC) ao longo de 2023 e manter o câmbio com volatilidade em níveis superiores ao esperado”, escreve Margato em comentário da corretora.
O Focus apresentou elevação na projeção da taxa Selic no fim de 2023, passando de 11,25% para 11,50%. Para o analista, o movimento é “um sinal de que talvez, na visão do mercado, o espaço para o BC cortar juros fique limitado por conta das questões fiscais em grande medida”, indicando “direção clara” de aumento da mediana para a taxa Selic no fim de 2023.
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A XP também deve observar os impactos de deterioração fiscal nas estimativas de inflação dos próximos anos. A projeção para o IPCA de 2023 passou de 4,94% para 5,01%. Para 2024, a expectativa seguiu estável em 3,50%. “O mercado segue muito atento ao comportamento do IPCA no Focus para 2024 que já está acima da meta de inflação (de 3% para 3,5%)”, repara Margato. Já a alta nas expectativas para o IPCA de 2022, de 5,82% para 5,88%, reflete o resultado acima do esperado no índice cheio de outubro, segundo o economista.
No Focus desta semana, o câmbio para o fim de 2022 passou para R$ 5,25, ante R$ 5,20. Para o fim de 2023, a previsão também subiu, de R$ 5,20 para R$ 5,24. Margato espera ajuste para cima nas previsões do Focus para a taxa de câmbio no fim de 2022 e 2023, “mais próximo de R$ 5,25 do que R$ 5,20”.