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Comportamento

Os alimentos que ficaram mais caros e baratos em 2022

A cebola foi o alimento que ficou mais caro entre janeiro a outubro deste ano. Veja o ranking completo

Os alimentos que ficaram mais caros e baratos em 2022
Preço do filé mignon cai; especialista responde se o valor pode cair ainda mais. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
  • Os preços dos alimentos têm pesado no bolso dos brasileiros
  • Dos 168 alimentos analisados pelo IBGE, apenas 25 sofreram deflação no período. O abacate, por exemplo, registrou queda de 22,8% no preço

Os preços dos alimentos têm pesado no bolso dos brasileiros. Os itens, indispensáveis para a vida de qualquer pessoa, integram as maiores altas da inflação no acumulado do ano até outubro.

No período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 4,70%, enquanto o grupo de alimentação e bebidas registrou alta de 10,32%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O avanço é o mais elevado para a inflação de alimentos nos dez primeiros meses do ano desde o início do Plano Real, em 1994. Na época, a alta chegou a 963,9%, enquanto o país enfrentava uma hiperinflação. Nos anos seguintes, a variação acumulada no setor só alcançou dois dígitos em 2008, de 10,04%.

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Ao longo de 2022, o grupo sofreu deflação mensal apenas em setembro, quando os preços recuaram 0,51%. De janeiro a outubro, conforme indicado pelo IPCA, a cebola foi a campeã no aumento de preços, com uma variação de 78,9%. Logo em seguida, vem o limão, que ficou 68,8% mais caro, e o melão, cujo custo aumentou 51,2%.

Segundo Felippe Serigati, coordenador do Mestrado Profissional em Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a inflação de alimentos representa um choque temporário.

No caso da cebola, a forte alta ao longo deste ano pode ser explicada pela adversidade climática. Com a seca em 2021, os produtores levaram prejuízo e reduziram a área plantada da hortaliça em 2022. “Não é algo estrutural. Provavelmente, para o próximo ciclo, vamos ter produtores com maior fôlego no caixa, que deverão ampliar a área plantada e a tecnologia utilizada na cultura”, afirma o especialista. “Da mesma forma que vimos o preço subir fortemente este ano, ele pode cair no ano que vem.”

Os alimentos que ficaram mais caros em 2022

Alimentos Variação acumulada no ano até outubro (%)
1 Cebola 78,9
2 Limão 68,8
3 Melão 51,2
4 Pepino 50,9
5 Batata-inglesa 48,07
6 Maçã 42,1
7 Leite longa vida 41,2
8 Alimento infantil 38,1
9 Banana – d’água 36,2
10 Morango 36,2

 

Dos 168 alimentos analisados pelo IBGE, apenas 25 sofreram deflação no período. O abacate, por exemplo, registrou queda de 22,8% no preço, seguido do tomate (-15,31%) e da carne de carneiro (-13,79%).

Os alimentos que ficaram mais baratos em 2022

Alimentos Variação acumulada no ano até outubro (%)
1 Abacate -22,8
2 Tomate -15,3
3 Carne de carneiro -13,7
4 Filé-mignon -12,6
5 Feijão – preto -11,5
6 Peixe – dourada -9,8
7 Laranja – lima -8,4
8 Laranja – baía -7,7
9 Peixe – palombeta -4,8
10 Fígado -4,2

O que motiva a inflação de alimentos?

Segundo Éverton Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), a alta nos preços dos alimentos ocorreu de forma generalizada no mundo todo. Com a pandemia de Covid-19 e a Guerra no Leste Europeu, houve uma desorganização nas cadeias globais de suprimentos.

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Tanto a Rússia quanto a Ucrânia são grandes exportadores mundiais de grãos, portanto, o conflito entre os dois países pressionou as cotações desses produtos. “De qualquer forma o recado está dado: precisamos diversificar as fontes de fornecedores estrangeiros dos insumos estratégicos para nós. Isso vale não só para o Brasil, mas para qualquer outro país”, diz Serigatti.

No contexto nacional, Gonçalves destaca outros fatores que colaboraram para a alta nos preços. “Os impactos foram potencializados pelas adversidades climáticas, pela crise energética e pela variação da taxa de câmbio. Devido a essas condições, a inflação no setor de alimentos se mantém bem acima do IPCA.”

O Brasil caminha para o terceiro verão consecutivo sob influência do fenômeno natural La Niña. Mas, para Serigati, o evento na virada de 2022 para 2023 deverá ser menos intenso do que foi em 2020. O especialista da FGV também sinaliza outras questões climáticas que prejudicaram as safras nos últimos anos: a forte seca em 2021, que fez a conta de energia elétrica subir fortemente, e uma sequência de geadas de julho para agosto no mesmo ano.

Em 2022, as maiores dificuldades foram enfrentadas entre janeiro e março. “No primeiro trimestre deste ano, tivemos uma seca complicada na região Sul, onde é produzido feijão, arroz, soja e milho, por exemplo. Vimos novamente os preços dos grãos subindo”, diz.

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Para 2023, a expectativa é de que os preços dos alimentos caiam. Indicativos desse cenário podem ser observados a partir do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), cujos valores em outubro do café (de -2,3% para -16,3%), das aves vivas (de -2,7% para -4,7%) e do milho (de 0,6% para -0,3%) já recuaram.

“A melhora nos gargalos produtivos, a previsão de safras robustas à frente e a desaceleração de grandes economias trazem alívio às pressões inflacionárias no médio prazo”, diz Gonçalves. “Os números observados no IPA antecipam em tese o arrefecimento na evolução dos preços dos alimentos ao consumidor.”

No mercado internacional, Serigati, da FGV,  nota uma trajetória de queda na inflação do setor, conforme sinalizado pelo índice global de preços de alimentos da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO), que diminuiu 0,29% em outubro. No entanto, o especialista mantém cautela em relação à previsão positiva para 2023. “Como a gente viu nos últimos dois anos uma reversão dessa expectativa por eventos que não podiam ser previstos, a ressalva tem que ser mantida”.

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