Após dois pregões consecutivos de alta, em que voltou a se aproximar do patamar de R$ 5,30, o dólar apresentou queda moderada na sessão desta terça-feira (06). Segundo operadores, a possibilidade de desidratação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que acabou se concretizando, e a valorização de moedas emergentes pares do real, em meio à perspectiva de relaxamento da política de covid zero na China, abriram espaço para ajuste de posições no mercado doméstico de câmbio.
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Pela manhã, o dólar chegou a ensaiar uma queda mais firme e desceu até a mínima de R$ 5,2215 (-1,16%). Aos poucos, contudo, com a piora das bolsas em Nova York e o fortalecimento da moeda americana frente a pares fortes, o dólar se afastou das mínimas. Após passar à tarde girando ao redor de R$ 5,26, a divisa encerrou o dia cotada a R$ 5,2697, em baixa de 0,25%.
Para o sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac, apesar do alívio hoje, o mercado permanece ressabiado com a indefinição em torno da configuração final da PEC da Transição e a formação da equipe econômica, o que tende a manter o real pressionado no curto prazo. “Hoje, a questão da China e a recuperação de algumas commodities metálicas e agrícolas estão ajudando um pouco o real e outras moedas emergentes”, afirma Izac.
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Em vez de tirar o Bolsa Família do teto de gastos, com previa a proposta original, o relator da PEC da Transição, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), optou por ampliar o teto em R$ 175 bilhões por período de dois anos. Ficou no texto, contudo, a possibilidade de retirada do teto de 6,5% de receitas extraordinárias (no valor de até R$ 23 bilhões).
À tarde, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o senador Jaques Wagner (PT-BA) disse que o PT concorda em reduzir a ampliação do teto de gastos na PEC em R$ 30 bilhões, ou seja, de R$ 175 bilhões para R$ 145 bilhões. Além disso, o senador petista afirmou que o partido concorda em enviar ao Congresso uma proposta de revisão do arcabouço fiscal, por meio de lei complementar, em um prazo de seis meses. No relatório de Silveira, o prazo é de 1 ano.
Com o mercado de câmbio doméstico já fechado, a CCJ no Senado aprovou, em votação simbólica, a PEC da Transição com a ampliação do teto em R$ 145 bilhões e previsão de apresentação da nova regra fiscal até agosto de 2023, como acenado por Wagner. O texto vai agora ao plenário do Senado. Confirmada a desidratação da PEC, o contrato de dólar futuro para janeiro acentuou o ritmo de queda e fechou a R$ 5,27200, em baixa de 0,72%, após ter registrado máxima a R$ 5,30450.
No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – chegou a recuar pela manhã, esboçando devolver parte da alta dos últimos dias, mas voltou a subir ao longo da tarde, ultrapassando o patamar dos 105,600 na máxima. Ainda pesa no mercado a perspectiva de prolongamento do aperto monetário nos EUA, o que aumenta o risco de uma desaceleração mais aguda da economia americana. Em relação a moedas emergentes e de exportadores de commodities, o comportamento foi misto, embora o dólar tenha apresentado queda forte em relação a pares do real como o peso chileno e o rand sul-africano, mais expostos à China.
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