A Cemig (CMIG4) concluiu a emissão de um total de R$ 1 bilhão em debêntures simples, não conversíveis em ações, de sua subsidiária de Geração e Transmissão (Cemig GT). Os títulos foram emitidos em duas séries, sendo que a segunda, no valor de R$ 300 milhões, foi caracterizada como debêntures verdes, na primeira captação desse tipo feita pela elétrica mineira.
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“Títulos com selo ESG [acrônimo em inglês para questões ambientais, sociais e de governança], com selo verde, ajudam na compressão de taxas e no aumento da demanda e a gente vê que é um movimento que, com o amadurecimento do mercado brasileiro, acontece aqui”, disse o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Leonardo George de Magalhães, em entrevista ao Broadcast Energia.
Para o executivo, a demanda por esse tipo de título deve crescer no País, a exemplo do que já se observa no mercado internacional.
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A 2ª série da emissão, com prazo de sete anos, tem remuneração correspondente a IPCA acrescido de sobretaxa de 7,6245%. A emissão tem certificação pela consultoria independente Bureau Veritas, por estar ligada a projetos desenvolvidos pela empresa nos últimos dois anos, como a repotencialização da hidrelétrica Poço Fundo, que triplicou a capacidade instalada sem ampliar reservatório, e investimentos em transmissão.
Já a 1ª série da emissão, de R$ 700 milhões, tem prazo de cinco anos e remuneração correspondente À variação acumulada das taxas DI, acrescida de sobretaxa de 1,33% ao ano.
Para Magalhães, as taxas obtidas são competitivas e estão em linha com a qualidade de crédito da Cemig e com o mercado de dívidas brasileiro. A emissão obteve rating brAA+ pela Fitch Ratings.
Demanda elevada
Magalhães salientou que a demanda pelos títulos da Cemig ficou próxima de uma vez e meia a emissão. “Isso reforça a confiança do mercado na companhia e na nossa operação; a gente entende que nos últimos anos vêm apresentando melhora significativa nos resultados financeiros, a Cemig reduziu de forma acentuada a alavancagem financeira e o rating melhorou cinco notes, cresceu na qualidade de crédito, e melhorou a eficiência operacional”, listou.
Ele destacou ainda o fato de que a companhia alcançou, em 2020, nível de custos dentro da cobertura regulatória na distribuição, enquanto em 2021 alcançou um Ebitda acima do parâmetro regulatório.
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A Cemig encerrou o terceiro trimestre de 2022 com Ebitda consolidado acumulado em 12 meses de R$ 6,88 bilhões e um endividamento líquido ajustado de R$ 7,4 bilhões. A alavancagem medida para fins de covenants ficou em 1,05 vez dívida líquida/Ebitda. Somente na Cemig GT, a alavancagem chegou a 1,36 vez.
Recomposição de caixa
Após o encerramento do terceiro trimestre, a companhia anunciou um programa de recompra de títulos de dívida no mercado externo que resultou na aquisição de cerca US$ 250 milhões, dentro de um plano anteriormente anunciado de redução da exposição a obrigações em moeda estrangeira. Portanto, os recursos captados agora com a emissão de debêntures vão recompor caixa.
“A gente tinha recurso em caixa [para fazer a recompra], mas como tem investimento previsto, era importante recompor esse caixa e também dar um fôlego para a companhia, para que, com perfil mais adequado, a gente possa implementar os projetos previstos para os próximos anos em energia renovável”, disse.
A Cemig anunciou anteriormente um plano de investimentos de R$ 22,5 bilhões em cinco anos, dos quais R$ 5,5 bilhões serão destinados a projetos de geração e transmissão e mais R$ 1 bilhão especificamente em iniciativas voltadas para geração distribuída.
A maior parcela, de R$ 14,5 bilhões, será destinada ao segmento de distribuição, no qual a companhia, por meio da Cemig D, também captou R$ 1 bilhão por meio de emissão de debênture, em junho passado.
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Novas emissões
Magalhães sinalizou também que a companhia poderá voltar a emitir dívida, inclusive com selo verde, tendo em vista os investimentos previstos para os próximos anos, especialmente em distribuição, que somam cerca de R$ 2,5 bilhões ao ano. “A gente entende que será importante a gente ter acesso ao mercado de capitais para financiar esse programa, mas claro que de forma sustentável, mantendo a alavancagem da Cemig em níveis adequados, de forma a não afetar a qualidade de crédito – hoje é AA+ – é daí pra cima”, disse.
Segundo o executivo, as emissões verdes são convergentes com a história da Cemig, tendo em vista que a companhia aparece no índice Dow Jones de Sustentabilidade há 23 anos e fez, recentemente, movimentos importantes de convergência com a agenda ESG, como o desligamento de usina termelétrica a óleo, o que tornou a matriz da empresa 100% renovável.
As debêntures emitidas pela Cemig GT possuem covenants de 3 vezes dívida líquida/Ebitda até junho de 2026, patamar que sobe para 3,5 vezes após essa data. O diretor Financeiro da Cemig explicou que essa mudança visa apenas ajustar os parâmetros à prática atual de mercado e tem em vista a manutenção de covenants de emissões anteriores. “A gente entende que nossa alavancagem vai estar bem abaixo disso… não que a gente precisasse de folga para poder absorver aumento da alavancagem, não é isso”, salientou.
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