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- O economista e advogado Luiz Barsi Filho, de 83 anos, é conhecido como o maior investidor pessoa física do Brasil
- Ele acredita que talvez será necessário contribuir um pouco mais com o governo, se por ventura o dividendo for tributado. A esperança de Barsi é que a tributação não seja corrosiva, de 30% a 40%, mas algo em torno de 15%
- Ao E-Investidor, Barsi declarou que sua carteira de investimentos é composta por: Banco do Brasil (BBAS3); IRB Brasil (IRBR3); Klabin (KLBN11); Suzano (SUZB3); Unipar (UNIP6); Taurus Armas (TASA4); Isa Cteep (TRPL4); Taesa (TAEE11); e Cemig (CMIG4)
O economista e advogado Luiz Barsi Filho, de 83 anos, é conhecido como o maior investidor pessoa física do Brasil. Isso por seu foco ser comprar ações na Bolsa da Valores brasileira com foco em uma estratégia de dividendos.
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Em entrevista ao podcast do Primo Rico, em julho deste ano, o megainvestidor disse que em 2021 recebeu cerca de R$ 1 milhão em dividendos ao dia. Somando todo o valor arrecadado ao longo dos anos, o acionista entrou para a lista de bilionários do Brasil.
Em entrevista ao E-Investidor, Barsi apontou suas perspectivas quanto ao futuro dos dividendos no País e deu dicas de como uma pessoa física pode tentar seguir a sua estratégia financeira. De primeira, ele apontou que, mesmo com as sinalizações negativas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a distribuição de proventos, “não haverá nenhuma alteração nos prognósticos”.
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Durante a campanha presidencial, Lula afirmou que “a gente tem que desonerar o salário para poder onerar as pessoas mais ricas desse País. Lucros e dividendos têm que pagar Imposto de Renda. Não é possível que a gente não consiga fazer uma política tributária que garanta ao Estado arrecadar o suficiente para cuidar do seu povo”.
No entanto, nos planos de governo do presidente eleito enviados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não havia nenhuma referência a essa forma de tributação. O que se tem, até o momento, são declarações públicas favoráveis à proposta.
Dessa forma, Barsi acredita que talvez o investidor precisará contribuir um pouco mais com o governo, se por ventura for tributado. A esperança dele é que a tributação não seja muito corrosiva, de 30% a 40%, mas algo em torno de 15%.
O megainvestidor também cita que essa tributação pode desencadear em uma bitributação (quando dois entes tributantes cobram dois tributos sobre o mesmo montante), o que é proibido no Brasil. “O dividendo já é tributado no IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica) antes de virar remuneração aos acionistas, já que o valor é uma parcela do lucro de uma empresa”, diz.
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Ele espera que exista uma compensação ao IRPJ, pois mantê-lo e ainda tributar o dividendo seria algo ilegal. “É preciso ficar de olho se não haverá uma mudança na Constituição Federal quanto às possibilidades de mais de uma tributação”, diz. Vale destacar que esse cenário de rever determinadas tributações não foi criada pelo próximo governo de Lula, o debate existe desde a metade mandato de Bolsonaro.
A proposta mais recente foi uma reforma tributária fatiada em diversos projetos de lei (PL), que estão sendo discutidos separadamente. Um deles é o PL 2.337/21, que mexe com o Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e da Pessoa Jurídica (IRPJ) sobre os dividendos. O texto presume que os lucros ou as remunerações pagas aos acionistas ficarão sujeitos à incidência de cobrança de impostos sobre a renda.
De todo modo, Barsi afirma que as empresas vão continuar distribuindo dividendos porque a remuneração está no estatuto das companhias e é uma obrigação. “Desde que dê lucro, vão distribuir”, diz. Segundo um levantamento do TradeMap, as três companhias que pagaram os melhores dividendos em 2022 foram: Petrobras, EDP Brasil e Enauta; todas com remuneração acima de R$ 17 por ação.
Como sugestão ao acionista, Barsi indica que as pessoas comecem a comprar ações dentro das possibilidades econômicas de cada um. “Comece como eu, adquirindo mil papéis por vez. Caso não consiga, compre metade. Se puder uma quantia maior, sem problemas também. O importante é seguir uma trajetória constante”, afirma.
A carteira de Luiz Barsi
Ao E-Investidor, Barsi declarou que sua carteira de investimentos é composta por:
- Banco do Brasil (BBAS3);
- IRB Brasil (IRBR3);
- Klabin (KLBN11);
- Suzano (SUZB3);
- Unipar (UNIP6);
- Taurus Armas (TASA4);
- Isa Cteep (TRPL4);
- Taesa (TAEE11);
- Paranapanema (PMAM3);
- Cemig (CMIG4).
Vale lembrar que algumas apostas de Barsi são controvérsias para o mercado. Entre os casos mais recentes está a Paranapanema, que viu as ações caírem mais de 20% em 1º de dezembro, após entrar com pedido de recuperação judicial. A maior empresa de refino de cobre é uma das apostas do megainvestidor, que enxerga uma opção de investimento “interessante” em virtude dos projetos da companhia.
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“É uma empresa que foi colocada na nossa carteira visando uma alavancagem, algo que não aconteceu porque o projeto não se consolidou e segue em processo de se consolidar. Portanto, ainda reputo ser uma opção interessante [..] eu vejo boas perspectivas para a Paranapanema no futuro”, destacou Barsi em um vídeo publicado há dois anos no canal no YouTube da Ações Garantem o Futuro (AGF), plataforma de investimentos que sistematiza o método consolidado pelo bilionário.
Há, ainda, outras empresas que apresentaram recuo no ano e que ainda fazem parte dos investimentos de Barsi, como a IRB, que caiu 82,59% no ano, ou a Suzano, que despencou 10,13% no mesmo período. Ele não argumentou sobre as escolhas de todas as ações, mas disse que os papéis podem levá-lo a ficar mais rico nos próximos anos. Segundo a revista Forbes, ele tem um patrimônio estimado em R$ 2 bilhões apenas em ações.
O megainvestidor recomendou também que as pessoas operem na Bolsa visando o médio e longo prazos, não como trader (investidor que faz transações na B3 em curtíssimo prazo). “Todos os traders perderam dinheiro, ou pelo menos a grande maioria”, alerta.
Alguns dados sustentam a postura de Barsi. De acordo com o estudo ‘Day traders experientes e consistentes’, realizado por Fernando Chague (EESP-FGV) e Bruno Giovannetti (EESP-FGV), dos 1.218 day traders ‘experientes’, que realizaram pelo menos uma operação de day trade em 90% dos 72 meses do período analisado, 652 (54%) apresentaram prejuízo.
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Entre os que conseguiram algum retorno, apenas 62 (5%) obtiveram lucro bruto mensal médio acima de R$ 10 mil, considerado pela publicação um saldo ‘economicamente significativo’. E quanto melhor o resultado, mais o funil se estreita: somente 28 (2,3%) conseguiram lucro bruto mensal médio acima de R$ 20 mil. Apenas 1 investidor conseguiu ganhos acima de R$ 50 mil.
Sobre as criptomoedas, Barsi afirmou que não investe em ativos que constituem “patrimônios intelectuais”. Ou seja, que não existe nada físico para comprovar a existência. “Eu exorcizo esse mercado e jamais irei comprar”, afirma.
* Atualização: Antes da publicação desta reportagem, a informação era de que Paranapanema não constava na carteira de investimentos de Barsi. No entanto, a assessoria de imprensa do megainvestidor esclareceu no início da manhã desta quinta-feira (15) que as ações da companhia fazem parte do portfólio.
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