Após instabilidade e troca de sinais pela manhã, com pressão altista do leilão parrudo do Tesouro Nacional contrabalançando os efeitos da baixa do dólar, as taxas futuras recuaram ao longo de toda a curva a termo na segunda etapa de negócios. Esse movimento se deu, sobretudo, em razão de uma onda externa de apetite por risco deflagrada pela perspectiva de aperto monetário mais moderado nos EUA e, por tabela, de diminuição dos riscos de recessão da economia americana. Medidas fiscais anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por volta das 16h, não tiveram influência relevantes nos preços dos ativos, segundo operadores.
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A avaliação nas mesas de operação é que a leitura benigna do índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), conjugada com falas de dirigentes do Federal Reserve ao longo da tarde, reforçaram a perspectiva de ritmo menor de alta de juros nos EUA, para 25 pontos-base, e deram vazão às apostas em cortes dos Fed Funds ainda em 2023. Não por acaso, o dólar perdeu força em todo o mundo, renovando mínimas abaixo de R$ 5,10 no mercado local, e as taxas dos Treasuries caíram mais de 2% na etapa vespertina – uma combinação que detonou uma rodada adicional de queima de prêmios nos DIs longos.
Entre os curtos, DI para janeiro de 2024, mas ligado à perspectiva para o rumo da taxa Selic neste ano, caiu de 13,54% para 13,52%. O DI para janeiro de 2025 desceu de 12,554% para 12,505%. No miolo da curva, DI para janeiro de 2027 fechou a 12,255%, de 12,31% no ajuste anterior. Já o contrato para janeiro de 2029 recuou de 12,605% para 12,36%.
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Pela manhã, foi divulgado que o CPI recuou 0,1% em dezembro, enquanto a mediana de Projeções Broadcast era de estabilidade. O núcleo, que exclui preços de energia e alimentos, subiu 0,3%, em linha com o esperado. Na comparação anual, houve desaceleração tanto do índice cheio (de 7,1% em novembro para 6,5%) quanto do núcleo (de 6% para 5,7%).
“O CPI nos EUA solidificou as apostas do mercado para uma redução do ritmo de aumento de juros pelo Fed e isso fez o dólar recuar com força em reação a moedas desenvolvidas e emergentes. O real está com a melhor performance, o que mostra a atratividade do nosso juro real doméstico”, afirma a analista de fundos de renda fixa da Empiricus, Lais Costa, para quem o Fed, mesmo com alta dos juros em 25 pontos-base na próxima reunião, deve adotar um discurso duro para evitar um afrouxamento prematuro das condições financeiras.
Ao ambiente externo favorável a emergentes somou-se a percepção de moderação do discurso do governo em relação à política fiscal, após o estresse na primeira semana de janeiro provocado por declarações de Lula e de ministros. Investidores locais que estavam mais pessimistas com o quadro fiscal foram obrigados a dar meia-volta e zerar posições, turbinando o movimento de baixa das taxas.
Como esperado, Haddad anunciou ações para reduzir o déficit de cerca de R$ 230 bilhões no Orçamento com foco na ampliação de receitas. Para este ano, o plano do ministro prevê R$ 83,28 bilhões em medidas permanentes do lado da arrecadação, R$ 73 bilhões em receitas extraordinárias e R$ 50 bilhões em redução de despesas.
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“As medidas do governo demonstram um grau de preocupação em ajustar as contas públicas, o que tem efeito positivo. O mercado já precifica uma queda mais forte da Selic à frente”, afirma o especialista da Valor Investimentos Charo Alves.