Depois de uma sequência de pregões agitados, o mercado de juros futuros experimentou uma sessão morna nesta sexta-feira, 13, com as taxas dos principais contratos futuros apresentando oscilações modestas. Os curtos operaram com viés de queda, após o IBC-Br de novembro reforçar a tendência de desaceleração da economia sugerida por dados de varejo e serviços. Já as taxas intermediárias e longas subiram cerca de 10 pontos, em sintonia com ajuste de alta dos retornos dos Treasuries.
Na ponta curta da curva doméstica, DI para janeiro de 2024 passou de 13,45% para 13,44%. Após operar entre estabilidade e leve queda, DI para janeiro de 2025 fechou a 12,42%, de 12,39% no ajuste anterior. Do miolo para a parte longa da curva, DI para janeiro de 2027 subiu de 12,11% para 12,22%, e o DI para janeiro de 2029, de 12,21% para 12,31%.
Na semana, o saldo é de forte redução de prêmios de risco, com as taxas longas descendo mais de 50 pontos, em meio a uma confluência positiva de fatores externos e internos. Lá de fora, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de dezembro nos EUA, divulgado ontem, sugere que o pico da inflação americana ficou para trás e estimula apostas em alta mais moderada de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), com taxa terminal não muito além de 5%.
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O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, observa que, aos sinais de que a inflação americana desacelera somou-se a visão de melhora da economia da China, o que impulsionou os preços de commodities e, por tabela, levou a uma apreciação do real. “Os dados de inflação nos Estados Unidos se mostraram mais comportados, e o mercado começou a tirar prêmios de risco e o desconto de ativos globais associados à chance de o Fed ser mais duro. Isso influenciou a curva de juros local”, afirma Lima.
Por aqui, a resposta enérgica dos Três Poderes aos atos golpistas de 8 de janeiro e, sobretudo, indicações de que o governo tende a ter uma postura mais moderada na área fiscal – a despeito de críticas a medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda na quinta-feira, 12 – soterraram previsões mais pessimistas sobre a condução das contas públicas.
Segundo operadores, essa confluência de fatores pegou o mercado tecnicamente desequilibrado, dado o pessimismo de fundos locais, e levou a uma onda de ordens de ‘stop loss’ que turbinou o recuo das taxas, em especial as longas. A estratégia do Tesouro Nacional, que optou por leilões menores de prefixados, contribuiu para amenizar as pressões na curva local.
Para o economista-chefe da Western, o governo Lula conseguiu mostrar que está atento à dinâmica fiscal, contribuindo para desfazer a espiral negativa que havia se exacerbado com as primeiras falas de Lula e ministros. Além de medidas de reversão do déficit superior a R$ 200 bilhões neste ano, vazadas a conta-gotas ao longo da semana e apresentadas ontem pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, houve boa recepção à equipe técnica anunciada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet.
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“Com isso, o mercado começou a tirar o excesso de prêmio nos juros futuros. Apesar de todas as incertezas com o resultado efetivo das medidas fiscais, porque há muitas dúvidas sobre a estimativa de receitas, a sinalização é de que não vai haver um descontrole que colocaria pressão na política monetária”, diz Lima, ressaltando que ainda é preciso ver se o governo vai “aceitar” a desaceleração da economia e evitar cair na tentação de dar estímulos à demanda com crédito via bancos públicos. “Precisamos ver a execução dessas medidas anunciadas por Haddad e o debate sobre o novo arcabouço fiscal, que precisa trazer regras simples e críveis”.