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Baixo crescimento e juros altos: o que esperar das ações das Big Techs?

As companhias seguem em processo de reestruturação operacional para focar em eficiência e reduzir custos

Baixo crescimento e juros altos: o que esperar das ações das Big Techs?
A economia norte-americana sofre o risco de entrar em uma recessão (Foto: Envato Elements)
  • Os resultados da Alphabet (GOOGL) e da Apple (APPL) vieram abaixo da expectativa do mercado
  • Já os resultados da Amazon (AMZN) vieram mistos diante da expectativa do mercado, mas ainda apontam crescimento lento da companhia
  • Na avaliação de analistas, o ano de 2023 será desafiador para as empresas que serão obrigadas a focar na eficiência das suas operações

O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, elevou 0,25 pontos porcentuais a taxa de juros dos Estados Unidos , que passa para a faixa de 4,25 a 4,75%. O aumento ocorreu em um ritmo menor em comparação ao ano passado, o que trouxe uma esperança para o mercado de que o fim do ciclo de aperto monetário no país está próximo.

A perspectiva pode trazer um alívio para as ações das Big Techs que sofrem com o ambiente econômico mais desafiador no país. No entanto, há muito trabalho a ser feito para garantir uma recuperação efetiva dos papéis.

Na quarta-feira (1) e quinta-feira (2), Apple (APPL), Alphabet (GOOGL), Amazon (AMZN) e Meta (META) divulgaram os seus balanços referente ao 4° tri de 2022. Os resultados vieram abaixo das expectativas dos analistas ou sinalizaram baixo crescimento em relação a 2021.

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A Alphabet, dona do Google, por exemplo, reportou uma receita de US$ 76 bilhões, enquanto o mercado esperava um montante de US$ 76,5 bilhões. Vale ressaltar que esse volume representa um aumento de 1% em comparação ao quarto trimestre de 2021.

Os números da Apple também decepcionaram. A companhia reportou uma receita de US$ 117,15 bilhões contra os US$ 121,10 bilhões que os analistas esperavam.

Já a Amazon (AMZN) apresentou resultados mistos. A receita veio acima das expectativas. Esperava-se um volume em torno de US$ 145,64 bilhões, mas a companhia reportou um montante de US$ 149 bilhões. Por outro lado, o lucro ação veio abaixo do esperado: US$ 0,03 vs US$ 0,17 estimado pelo mercado.

A Meta foi a única empresa desse grupo a surpreender o mercado com números positivos ao apresentar uma receita de US$ 32,17 bilhões. A expectativa era que esse volume fosse de US$ 31,53 bilhões durante o período. Por outro lado, ao comparar com o ano de 2021, o resultado foi 4% menor.

Meta (META) Amazon (AMZN) Apple (AAPL) Alphabet (GOOGL)

– Receita: US$ 32,17 bilhões vs US$ 31,53 bilhões esperados pelos analistas

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– Lucro por ação: US$ 1,76

– Receita média por usuário: US$ 10,86 vs US$ 10,63 esperados

– Receita: US$ 149 bilhões vs US$ 145,64 bilhões esperados pelos analistas

– Lucro por ação: US$ 0,03 ajustado vs. US$ 0,17 estimados

– Receita publicidade: US$ 11,56 bilhões vs US$ 11,38 bilhões

– Receita: US$ 117,15 bilhões vs US$ 121,10 bilhões esperados pelos analistas

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– Lucro por ação: US$ 1,88 vs US$ 1,94 estimado

– Receita: US$ 76,05 bilhões vs. US$ 76,53 bilhões esperados pelos analistas

– Lucro por ação: US$ 1,05 ajustado vs. US% 1,18 estimado

Fonte: Avenue Securities

Na avaliação de Junior Borneli, fundador da StartSe, escola internacional de negócios, além do cenário de retração econômica, os primeiros anos da pandemia trouxeram alta demanda por produtos e serviços das Big Techs. Com isso, os resultados ao longo de 2022 não conseguiram acompanhar a performance em virtude da queda da demanda, ocasionada pelo retorno das atividades presenciais.

“A Apple vendeu 30% menos MacBooks no ano passado do que no fim de 2021. O mercado olha isso de forma negativa. Agora, a venda é compatível aos períodos antes da pandemia”, afirma. O mesmo aconteceu com o Google referente aos serviços de marketing digital com a explosão do e-commerce.

Além disso, foi no ano de 2022 em que o Fed iniciou o reajuste da taxa básica de juros dos Estados Unidos para o maior patamar em 15 anos. Veja os detalhes nesta reportagem. A realidade repercutiu de forma negativa na performance das ações que acumularam em 2022 perdas de quase 50%.

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A solução para “sobreviver” a esse período desafiador foi a redução de custos. Uma das saídas foi a demissão de mais de 50 mil profissionais das gigantes de tecnologia entre os meses de novembro de 2022 a janeiro de 2023. Saiba mais nesta reportagem.

“Com os ajustes que foram feitos, como as demissões, é possível que, no primeiro semestre ou no segundo semestre, as companhias consigam recompor dado aos custos mais baixos e o foco na eficiência”, diz Borneli. Ao recuperar margens de lucro e apresentar crescimento, a tendência é que as ações consigam sustentar os ganhos registrados no acumulado de 2023.

O que deve entrar no radar do investidor?

A situação das gigantes de tecnologia dos Estados Unidos (EUA) exige cautela para quem deseja comprar as ações. Além dos resultados operacionais, o investidor precisa estar atento aos dados macroeconômicos do mercado norte-americano. Nesta sexta-feira (3), por exemplo, foram divulgados pelo Departamento do Trabalho dos EUA os números sobre o mercado de trabalho no país.

Em janeiro, foram criados 185 mil postos de trabalho e a taxa de desemprego reduziu de 3,6% em dezembro para 3,4% em janeiro deste ano, o menor nível desde 1969. O resultado aponta que, mesmo com o ciclo de alta dos juros, o mercado de trabalho ainda segue aquecido.

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“Se o mercado continua muito aquecido, estamos longe de combater a inflação sem redução de estímulos (alta de juros). Esse soft landing (desaceleração econômica sem causar recessão) que o Fed “canta” não consigo visualizar no momento”, afirma Mehanna Mehanna, sócio fundador da Phi Investimentos.

Por outro lado, o trabalho realizado pelas Big Techs em busca da eficiência mostra um sinal positivo de que as companhias estão se antecipando para uma possível recessão econômica nos Estados Unidos. A dúvida, segundo Mehanna, é se o preço das ações já precifica esse cenário.

“No Brasil, quando entramos em um cenário desafiador, tudo fica descontado. Nos Estados Unidos, não. Pelo contrário, acho que o preço dos papéis ignora o risco (de recessão)”, acrescenta.

Mesmo assim, William Casto Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities, avalia que as Big Techs, como Google e Apple, devem sobreviver a esse período conturbado da economia norte-americana e voltar a apresentar uma rentabilidade atrativa. No entanto, o investidor não deve esperar essa recuperação no curto prazo.

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“Quando olhamos no médio e longo prazo, essas empresas continuam super sólidas e com capacidade de honrar seus compromissos. O momento é de ter paciência”, diz.

Segundo ele, as empresas têm buscado novas vertentes de atuação para garantir lucratividade aos investidores, como foi o caso do interesse da Microsoft em comprar o ChatGPT – chatbot de inteligência artificial. “Elas têm caixa, tamanho e capacidade para se reinventar”, afirma Alves.

Apesar do cenário desafiador, vale pontuar que o valor de mercado das Big Techs em 2023 cresceu o equivale a 1,3 vezes o montante de todas as empresas listadas na B3, conforme dados do TradeMap. Segundo o levantamento, o valor de mercado de Apple, Amazon, Meta, Microsoft e Alphabet no final de 2022 era de US$ 6,17 trilhões contra US$ 7,28 trilhões na sexta-feira (3), o que representa crescimento de US$ 1,11 trilhão neste ano.

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