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Rafael Bevilacqua: Investidor deve ter dinheiro lá fora mesmo com recessão

CEO da Levante explica porque o pequeno investidor deve se posicionar no exterior independente do quadro econômico

Rafael Bevilacqua: Investidor deve ter dinheiro lá fora mesmo com recessão
Painel do Smart Summit 2023 discutiu as possibilidades de alocação no exterior. Foto: Onze Produções/Smart Summit
  • Possibilidade de recessão nos EUA e Europa levanta dúvidas se investimento no exterior ainda valeria a pena em 2033
  • Mas, para os especialistas presentes no Smart Summit 2023, diversificação internacional deve acontecer independente do cenário de curto prazo

Cada vez mais brasileiros têm se interessado por investir no exterior. Uma estratégia de diversificação que permite acessar mercados e empresas maiores, atrelar parte da carteira a uma moeda forte, além de proteger o patrimônio dos riscos do cenário doméstico.

No momento atual, no entanto, com as maiores economias do mundo subindo suas taxas de juros para tentar frear a inflação, surgem dúvidas se o movimento ainda vale a pena para investidores pequenos. Isso porque a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos e na Europa entrou na pauta desde meados de 2022, quando os bancos centrais iniciaram o aperto monetário.

Mas a possibilidade de uma redução drástica na atividade econômica dos EUA não é o cenário base dos especialistas presentes no Smart Summit 2023, realizado entre a quinta (2) e a sexta-feira (3) no Rio de Janeiro.

Os dados referentes ao mercado de trabalho norte-americano, divulgados no fim da última semana, mostraram que o desemprego em janeiro ficou em 3,4%. Um nível que, mesmo com os juros dos EUA no maior patamar em 15 anos, deve segurar o ritmo da economia por lá. “É muito difícil ter uma recessão com essa situação de desemprego, é possível até que haja recessão técnica, mas não acredito que vai ser alguma coisa grave”, disse James Gulbrandsen, CIO da NCH Capital.

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Rafael Bevilacqua, CEO e estrategista-chefe da Levante Investimentos, também não acredita em uma recessão. Na visão do especialista, o Federal Reserve, o banco central norte-americano, sabe que um movimento muito brusco nos juros por lá poderia acarretar em uma recessão global – cenário que, na visão de Bevilacqua, a instituição monetária deve evitar a qualquer preço.

Ainda assim, segundo ele, mesmo que haja uma desaceleração da atividade econômica o maior mercado de investimentos do mundo ainda mereceria atenção dos investidores brasileiros. “O investidor tem que estar com dinheiro lá fora mesmo que tenha uma recessão. Estar posicionado em dólar não é questão de ‘se’, tem que estar independente do que vai acontecer no curto prazo”, afirmou Bevilacqua.

“A diversificação é importante já que basicamente 60% da composição da nossa Bolsa é commodities e bancos. Quando olhamos para outros tipos, como techs, são escassos”, afirmou, em relação à disponibilidade de opções de empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira.

Olhando para além dos EUA

Apesar dos prognósticos mais pessimistas, o ano de 2023 começou com certo otimismo nos mercados globais. O responsável? A retomada das atividades na China com o fim das políticas de covid-zero. Um movimento que ajudou inclusive a Bolsa brasileira em janeiro, como contamos nesta reportagem.

A volta do gigante asiático depois de quase três anos de restrições é uma notícia boa para investidores. De um lado, pode ajudar a manter o ritmo da economia global aquecido mesmo com a desaceleração nos EUA e na Europa. De outro, abre oportunidades de investimento que direta ou indiretamente apoiam o mercado brasileiro, destacou James Gulbrandsen. “Na minha opinião, quem não está investindo na Ásia hoje em dia vai perder a maior oportunidade de retorno em 2023”, afirmou.

Para o CIO da NCH Capital, a retomada das atividades por lá ainda é positiva para o real, que se valorizou frente ao dólar na última semana, fazendo a cotação da moeda norte-americana cair abaixo dos R$ 5 pela primeira vez desde a metade de 2022. “Quando a gente fala sobre fluxo estrangeiro no Brasil, boa parte vem de ETFs”, disse, sobre os fundos atrelados a uma carteira de ativos que buscam um retorno semelhante a um índice de referência.

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O maior ETF do mundo de emergentes é o MSCI Emerging Markets, que tem 5% de alocação no Brasil e 31% em China. “Na nossa humilde opinião ele vai bombar e vai trazer muito fluxo, que já temos visto esse ano. Cada US$ 100 que entram lá, US$ 5 compram automaticamente o Brasil, por isso a tendência deve ser bastante positiva para o real”, explicou.

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