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Juros: taxas curtas caem e longas avançam com Haddad e exterior

O investidor assimilou a mensagem do ministro de que o fim da isenção pode ajudar a Selic a cair via melhora fiscal

Juros: taxas curtas caem e longas avançam com Haddad e exterior
(Foto: Envato Elements)

Os juros futuros terminaram a sessão com queda nas taxas de curto e médio prazos e avanço nas longas, com o mercado digerindo as entrevistas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a reoneração dos combustíveis – ontem e também hoje – e influenciadas ainda pelo ambiente externo pesado.

O investidor assimilou a mensagem do ministro de que o fim da isenção pode ajudar a Selic a cair via melhora fiscal, mas o arranjo para recompor receitas envolvendo a Petrobras foi mal recebido, ajudando a pressionar os vértices longos, também penalizados pela forte abertura da curva dos Treasuries.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,29%, de 13,37% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 ficou em 12,63%, de 12,67%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,99%, de 12,90% ontem, e a do DI para janeiro de 2029 avançou de 13,24% para 13,38%.

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O mercado de juros operou em dois tempos bem definidos nesta primeira sessão de março. Pela manhã, a curva foi bastante influenciada pelas declarações do ministro, enquanto à tarde pesou mais o quadro no exterior, dada a escalada dos Treasuries, especialmente com a taxa da T-Note de dez anos se firmando em 4% pela primeira vez desde novembro. A piora no desempenho dos títulos do Tesouro americano, por sua vez, é atribuída a declarações consideradas hawkish de dirigentes do Federal Reserve e junto à interpretação de dados econômicos.

O efeito na curva local foi mais forte nos vencimentos de longo prazo, com as taxas ampliando a alta no meio da tarde, enquanto os intermediários reduziram o recuo. O impacto do exterior foi em alguma medida mitigado pelo comportamento do câmbio, por sua vez favorecido pelos avanços nos PMIs na China.

As taxas curtas caíram, com o mercado absorvendo os sinais emitidos pelo ministro Haddad. A afirmação dele “esperamos que o BC reaja da maneira prevista na ata do Copom”, ontem, soou para o mercado como uma pressão da Fazenda para que o Copom reduzisse a Selic, uma vez que o ministro citou ainda que a taxa de 13,75% é “insustentável”. Hoje, porém, ele buscou corrigir a mensagem. Em entrevista ao UOL, negou que tenha sido um recado para a autoridade monetária. “Eu, como ministro da Fazenda, tenho que tomar medidas compensatórias para permitir e até contar que o Banco Central faça a parte dele e comece a restabelecer o equilíbrio da política econômica com vistas ao crescimento sustentável”, disse.

Após a reação negativa ontem, hoje o mercado parece ter compreendido que, ainda que não seja pela via do controle de gastos, há uma disposição do governo para equilibrar as contas, o que pode colaborar para o processo de distensão monetária. “Parece que a lógica do ministro é de que mais importante do que o impacto da reoneração sobre a inflação são os efeitos positivos para recompor receitas e reduzir a incerteza fiscal. Ele está certo”, afirma o economista-chefe do Banco Original, Marco Antonio Caruso.

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“A sinalização não é ruim. Foi dado o recado de que o governo está ajustando o fiscal e aos poucos pode ser que vejamos uma evolução”, concorda a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, que considerou a reoneração como uma “vitória” do ministro ante as pressões contrárias dentro do PT. Mas ainda é preciso esperar pelo novo arcabouço, que, segundo Haddad, pode sair este mês até antes da reunião do Copom no dia 22.

O que o mercado não gostou foi do arranjo para garantir a arrecadação original de R$ 28,9 bilhões de antes da desoneração e, ao mesmo tempo, mitigar o impacto na inflação. A taxação de exportações de óleo cru, a princípio válida por quatro meses, é vista com desconfiança, uma vez que pode afetar as receitas da Petrobras. Também causa desconforto a possibilidade, já dada como certa no mercado, da revisão da política de dividendos da companhia, chamada pela presidente do PT, Gleisi Hoffman, de “indecente”.

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