Executivos de bancos e investidores estão revivendo os pedidos por mudanças nas regras contábeis dos Estados Unidos sobre títulos mantidos até o vencimento (HTM, na sigla em inglês), após o colapso do Silicon Valley Bank (SVB). Essa medida chegou a ser considerada depois da crise financeira de 2008, mas foi em grande medida abandonada, após centenas de objeções do setor bancário.
Leia também
Pela regra atual, os bancos precisam manter títulos HTM ao custo amortizado, ou em uma versão ajustada do preço original que pagaram. Os títulos que os bancos planejam vender precisam ser classificados como títulos disponíveis para venda (available for sale, AFS) e contabilizados pelo valor justo de mercado (fair market value, FMV).
Para vender títulos HTM, o banco precisa reclassificar todos os títulos HTM como disponíveis para venda e potencialmente registrar um grande prejuízo para os títulos não vendidos.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
O SVB classificou cerca de 43% dos seus ativos como títulos HTM, que caíram em valor e levaram a um acúmulo de perdas não realizadas, conforme as taxas de juros subiam em um dos ritmos mais rápidos da história dos Estados Unidos, no ano passado.
Vender esses ativos classificados como HTM – em sua maioria títulos lastreados em hipotecas (MBS, da sigla em inglês) – antes do seu vencimento teria reduzido o seu capital a praticamente nada.
Mas, enquanto o SVB lutava para manter sua liquidez para financiar saques, o banco conseguiu evitar o reconhecimento das perdas ao não mudar a classificação, uma posição permitida por seu auditor, a KPMG.
O colapso do SVB, o maior banco a falir desde a crise financeira de 2008, lembra problemas contábeis que atormentaram aquele período.
Publicidade
O Financial Accounting Standards Board (FASB), que estabelece regras contábeis para empresas dos EUA, propôs em 2010 exigir que os bancos registrassem todos os instrumentos financeiros pelo valor justo (fair value) ou marcado a mercado (marked-to-market, MTM), uma medida para fornecer aos investidores mais informações nos desdobramentos da crise financeira.
A questão já havia sido debatida no início dos anos 1990, após a crise de poupança e empréstimo. “Toda vez que há estresse, a questão surge”, disse Robert Herz, que atuou como presidente do FASB quando emitiu a proposta de 2010.
“Se o FASB decidir abordar o assunto, provavelmente será muito controverso e os mesmos argumentos de ambos os lados provavelmente serão levantados novamente”, disse Herz, que é presidente dos comitês de auditoria do Morgan Stanley e da Fannie Mae.
Fonte: Dow Jones Newswires.
Publicidade