- O número de vendas de casas saltou para cerca de 4,58 milhões em fevereiro, uma alta de 14,5% em relação a janeiro, segundo dados da Associação Nacional de Corretores (NAR)
- A compra de casas desacelerou significativamente ao longo de 2022, quando o Federal Reserve (Fed), Banco Central dos EUA, pisou no freio da economia e a taxa de hipoteca típica mais que dobrou
- A evolução dos preços pode depender fortemente do que acontece com as taxas de juros, dizem analistas
No mês passado, milhões de pessoas aproveitaram as taxas hipotecárias baixas e a estagnação dos preços para comprar casas, dando vida nova ao mercado imobiliário residencial dos Estados Unidos, que sofreu quedas firmes durante o ano anterior.
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O número de vendas de casas saltou para cerca de 4,58 milhões em fevereiro, uma alta de 14,5% em relação a janeiro, segundo dados da Associação Nacional de Corretores (NAR). A porcentagem superou as expectativas de analistas e quebrou um ciclo de doze meses de quedas constantes no setor. É o maior aumento mensal desde julho de 2020, embora a quantidade de vendas ainda esteja 22% abaixo do registrado há um ano.
Entretanto, os preços das casas registraram seu primeiro declínio ano a ano desde 2012, com o valor médio das residências nos EUA caindo 0,2%, a US$ 363.000.
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O salto nas vendas confirmou as afirmações de alguns economistas de que o mercado imobiliário do país já havia atingido seu pior patamar de queda em um ano. “A recessão imobiliária acaba no momento em que a primavera chega, e os corretores gritam ‘aleluia’, disse Chris Rupkey, economista chefe da FWD Bonds, empresa de pesquisa de mercado com sede em Nova York.
A desaceleração imobiliária começou quando os preços astronômicos de 2020 e 2021 colidiram com o aumento das taxas de juros, tornando o processo de compra de uma casa menos acessível no geral. A compra de casas desacelerou significativamente ao longo de 2022, quando o Federal Reserve (Fed), Banco Central dos EUA, pisou no freio da economia e a taxa de hipoteca típica mais que dobrou, chegando a 7,08%.
O mercado imobiliário é especialmente sensível às flutuações das taxas de juros porque a maioria das pessoas adquire novas casas com a ajuda de um empréstimo imobiliário, o que pode acarretar em dezenas ou centenas de milhares de dólares em juros além do preço da casa.
Isso significa que os aumentos de juros do Fed adicionaram centenas de dólares todos os meses ao custo de uma nova hipoteca, convencendo assim muitos possíveis proprietários a permanecerem fora do mercado. Contudo, a taxa média de hipoteca caiu para 6,09% no início de fevereiro, levando alguns compradores a retomarem suas buscas por moradias.
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“Conscientes das mudanças nas taxas hipotecárias, os compradores de imóveis estão aproveitando qualquer queda nas taxas”, disse o economista-chefe da NAR, Lawrence Yun, em uma nota divulgada à imprensa. “Além disso, nós estamos vendo um fortalecimento nas vendas em áreas onde os preços das casas estão caindo e onde as economias locais estão gerando empregos”.
Os valores variam significativamente de uma região para outra. No Sul e no Centro-Oeste do país, os preços das casas aumentaram 2,7% e 5% respectivamente durante o ano passado, de acordo com a NAR.
Por outro lado, os preços recuaram no Nordeste dos EUA, onde o preço-médio das residências caiu 4,5% em relação ao ano anterior, para US$ 366.100, e no Oeste, onde o preço médio das casas caiu 5,6%, para US$ 541.100. Mas o aumento na atividade acabou sendo impulsionado pelo Oeste, que viu suas vendas de casas subirem 19,4%.
A evolução dos preços pode depender fortemente do que acontece com as taxas de juros, dizem analistas. As taxas caíram novamente na semana passada, quando falências de bancos regionais dos EUA perturbaram o sistema financeiro.
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Ali Wolf, economista-chefe da Zonda, escreveu em um blog na terça-feira que a forte temporada de vendas da primavera mostra como a demanda por imóveis pode ser sensível às taxas de juros em tempo real, enquanto os compradores aguardam o momento perfeito para puxar o gatilho em transações de longo prazo para realizar planos de compras. “A nova pergunta é: os consumidores continuarão comemorando a queda nas taxas de hipoteca ou as preocupações econômicas mais amplas os empurrarão de volta para o segundo plano?”, questiona.
O economista sênior do Zillow Group, Orphe Divounguy, disse que o Fed está tentando “projetar uma cura da economia”, mas que precisa de mais casas disponíveis para venda para que o processo de cura seja bem-sucedido. Enquanto isso, taxas e preços mais baixos podem estimular atividades de compra adicionais, segundo ele.
“Se você obtiver uma combinação de preços caindo e uma grande queda nas taxas de hipoteca, poderá ver muita atividade”, afirmou Divounguy em uma entrevista recente.
Texto traduzido por Maria Clara Matos
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