A compra da fatia da Nippon Steel na Usiminas pela Ternium é positiva para a siderúrgica brasileira, na opinião do Bradesco BBI. A Usiminas anunciou hoje que a Ternium fechou acordo com a Nippon Steel para comprar uma fatia de mais de 68,667 milhões de ações ordinárias, o equivalente a 9,74% do total, por R$ 10/ação, ou R$ 686,6 milhões.
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“Embora reconheçamos que a Ternium e a Nippon melhoraram significativamente a dinâmica do grupo de controle nos últimos anos, acreditamos que ter um acionista de referência “no comando” pode ser benéfico”, destacam os analistas Thiago Lofiego, Isabella Vasconcelos e Camilla Barder, em relatório.
A nova configuração, na visão dos analistas, deve levar a um processo de tomada de decisão mais ágil e dinâmico nas frentes estratégicas e operacionais. “Além disso, a Ternium tem um forte histórico em termos de execução comercial/operacional na América Latina e superior geração de Ebitda/t de aço (cerca de US$ 235/t nos últimos 5 anos, contra US$ 125/t da Usiminas)”, ressaltam.
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Para eles, o papel mais proeminente da Ternium na Usiminas deve ser benéfico, especialmente à medida que a Usiminas avança com sua reformulação alto-forno no curto prazo e trabalha para melhorar a produtividade e a eficiência de custos em todas as operações.
“Embora reconheçamos que o ambiente operacional da Usiminas deve permanecer desafiador em 2023 (ou seja, reformulação do alto-forno 3, menor produtividade em baterias de coque), esperamos recuperação de margem ao longo de 2023, impulsionada pelos preços mais altos do aço e do minério de ferro“, afirmam. O valuation continua atraente em 2,6 vezes o EV/EBITDA 2023 e agora vemos espaço para uma vantagem estrutural adicional decorrente da liderança da Ternium dentro da nova estrutura acionária”, pontuam.
O Bradesco BBI reiterou a recomendação Outperform (equivalente a compra para a Usiminas, com preço-alvo de R$ 10, o que representa um potencial de alta de 46,4% ante o fechamento de ontem.
Ternium
Para a Ternium, os analistas destacam que a empresa deverá pagar diretamente cerca de US$ 111 milhões em dinheiro por 57,7 milhões de ações ordinárias, aumentando sua participação no grupo de controle da Usiminas para 51,5%.
“Dado seu balanço patrimonial desalavancado (a Ternium reportou uma posição de caixa líquido de US$ 2,6 bilhões no quarto trimestre de 2022), a empresa pode administrar facilmente a aquisição e agora deve direcionar mais esforços para melhorar o desempenho operacional da Usiminas, potencialmente liberando um valor significativo”, afirmam.
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O banco manteve a recomendação neutra para as ações da Ternium, com preço-alvo de US$ 43, principalmente por uma questão de opção de compra relativa, já que os analistas enxergam mais vantagens em outras siderúrgicas dentro da cobertura, enquanto a geração de fluxo de caixa livre em meio a capex mais alto e rendimentos de dividendos também são menos atraentes.