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Americanas (AMER3) sinaliza novo aporte bilionário de trio de acionistas

Na fase de negociações, os bancos já sinalizaram que fazem questão de um aporte de R$ 12 bilhões

Americanas (AMER3) sinaliza novo aporte bilionário de trio de acionistas
Jorge Paulo Lemann é o homem mais rico do País, com fortuna avaliada em US$ 15,4 bilhões. (Foto: Valéria Gonçalvez/Estadão)
  • O aporte seria feito pelos bilionários da 3G Capital Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.
  • A empresa enviou uma proposta que prevê dois eventuais aumentos de capital de até R$ 1 bilhão cada
  • No entanto, ainda não foi firmado acordo, informou a Americanas.

Uma vez entregue a versão inicial do plano de recuperação judicial da Americanas (AMER3), começaram as negociações e fricções entre os bancos e a varejista, fase que deve se estender até a assembleia de credores, em junho.

Na visão da companhia, o plano está bem encaminhado e o que se discute agora são valores e não formatos. Alguns credores, porém, avaliam que a proposta é precária. Os bancos fazem questão, principalmente, de um aporte de R$ 12 bilhões – sem contar a cifra de R$ 2 bilhões relativa ao empréstimo DIP -, de acordo com interlocutores. Esse seria o “número mágico” para dar fluidez às negociações.

Um aporte será feito pelos acionistas de referência, os bilionários da 3G Capital – Marcel Telles, Carlos Alberto Sicupira e Jorge Paulo Lemann. Como o plano da Americanas abre espaço para a injeção de R$ 10 bilhões embutir os R$ 2 bilhões do DIP; na prática, há uma diferença de R$ 4 bilhões entre o proposto pela varejista e o desejado pelos bancos.

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O DIP (debtor-in-possession) é um tipo de empréstimo extraconcursal, ou seja, feito em ambiente de recuperação judicial. Neste caso, os acionistas de referência passam na frente dos demais para receber o valor devido, o que é considerado inaceitável pelos bancos, apurou o Broadcast. A Justiça deu permissão em 9 de fevereiro para que a Americanas lançasse mão da modalidade.

Risco compartilhado

Na injeção a ser feita pelos acionistas de referência, os bancos insistem em um valor mais alto. Há uma pressão por parte dos bancos que o trio partilhe mais dos riscos. Causou desconforto, entre as cláusulas do plano, a exigência de o credor não ter nenhum litígio contra a varejista para garantir acesso às opções de pagamento oferecidas pela Americanas. Para os bancos, são características de chantagem em um momento em que as partes precisam buscar convergência.

Do lado da companhia, interlocutores apontam que mais instituições financeiras estariam dispostas a buscar uma trégua na Justiça com a empresa, a exemplo do que fez o BTG Pactual.

Outros tópicos foram considerados inadequados pelos credores. Um deles é a possibilidade de a Americanas vender quaisquer ativos. Em seu plano de recuperação judicial, a companhia sinalizou que pode vender, além de um jatinho, o hortifruti Natural da Terra e sua participação de 70% na Uni.co.

O plano inclui, ainda, as marcas da companhia. A diretora executiva financeira da companhia, Camille Faria, disse, porém, em entrevista ao Broadcast, que as marcas foram colocadas ali apenas como uma opção, mas que não há plano de vendê-las. “Hortifruti e Uni.co são decisões mais maduras”, acrescentou.

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Os credores discordam do “cheque em branco” para vender quaisquer ativos pois não querem que a empresa se torne “uma casca sem nada dentro”, conforme um interlocutor. Segundo ele, os credores querem ter algum controle nessas decisões.

Dos recursos provenientes da alienação de ativos, a empresa planeja usar até R$ 2 bilhões para reduzir sua dívida, sendo o primeiro R$ 1 bilhão destinado à recompra de dívida a mercado. O saldo dos recursos levantados, limitados a R$ 1 bilhão, vai para recompra de dívida subordinada. Com isso, a companhia pretende reduzir seu endividamento a mercado pós reestruturação para R$ 5,8 bilhões.

Os bancos tampouco digeriram bem a possibilidade de a Americanas tomar dívida livremente. O plano da varejista prevê que o grupo poderá, sem consulta aos credores, obter novos recursos com aumentos de capital por meio de subscrição pública ou privada _além dos R$ 10 bilhões que o plano prevê _ e “contratação de novas linhas de crédito, financiamentos de qualquer natureza ou outras formas de captação, inclusive no mercado de capitais e com o oferecimento de garantias”.

Além disso, prevê a emissão de debêntures simples de até R$ 5,9 bilhões, em até 180 dias, da conclusão do aumento de capital, para pagamento de parte do saldo dos credores quirografários que escolherem o pagamento com desconto de 60%.

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Procurada pelo Broadcast, a Americanas não quis comentar.

Confira tudo sobre Americanas (AMER3) aqui. 

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