Os juros futuros tiveram forte queda, em especial nos contratos intermediários, que nas mínimas da sessão chegaram a recuar mais de 20 pontos-base. Num dia de agenda e noticiário locais esvaziados, o movimento foi determinado pelo aumento do apetite ao risco no exterior, onde a percepção de que o espaço para aperto de juros em nível global está se fechando alimentou o fluxo para ativos emergentes.
A liquidez, contudo, foi abaixo do padrão. De todo modo, a ponta curta já embute probabilidade marginal de que o Copom inaugure o ciclo de corte da Selic em agosto com uma dose de 50 pontos-base.
No acumulado da semana, as taxas desabaram de forma generalizada. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou a 13,02%, menor nível de fechamento desde 22/3/2023 (13,00%), de 13,092% no ajuste de quarta-feira, chegando a tocar 13,00% na mínima. A do DI para janeiro de 2025 terminou a 11,07%, no menor nível desde 7/2/2022 (11,02%), de 11,25% no último ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2027 fechou em 10,50% (de 10,64% no ajuste anterior) e a do DI para janeiro de 2029, em 10,84% (de 10,94%). Na semana, a ponta curta teve alívio em torno de 20 pontos e a intermediária, de 40 pontos. As taxas longas cederam cerca de 25 pontos.
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Após o pregão de ajuste na última quarta-feira, quando as taxas curtas tiveram apenas um viés de baixa e as longas subiram, hoje a curva retomou logo cedo sua tendência considerada “natural” de queda, acompanhando os eventos externos e ignorando a abertura da curva dos Treasuries. O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, viu hoje no mercado local um “catch up” à reação dos ativos ontem ao forte aumento dos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos na última semana, que ajudou a fortalecer as apostas na manutenção dos juros pelo Federal Reserve na reunião de junho, que tinham sido abaladas com a decisão inesperada do Canadá de apertar sua política monetária.
Além disso, ontem à noite saíram dados de inflação na China abaixo do esperado, reforçando a ideia de que a demanda mundial está menor. “É um cenário de maior desaceleração global que reduz a preocupação com a próxima decisão do Fed. Ao olhar pelo lado do juro, o mercado está precificando o copo meio cheio”, comentou. Ele ressalva que a magnitude da queda das taxas hoje pode ter sido amplificada pela liquidez reduzida. De todo modo, é um cenário que atrai fluxo para mercados emergentes, como se vê também no câmbio. O dólar fechou abaixo de R$ 4,90, aos R$ 4,8763.
Com papel determinante na queda da inflação, a ajuda do real valorizado e o recuo nos preços das commodities encorajam o mercado a não só consolidar a expectativa de que a temporada de afrouxamento da Selic começará no Copom de agosto, como agora já aparecem na curva apostas na redução de 50 pontos-base. Segundo Rostagno, os DIs precificam 26 pontos-base de queda, o que representa 4% de chance de um corte de 50 pontos, contra 96% de que a dose seja de 25 pontos. Para setembro, a expectativa de 50 pontos está praticamente consolidada pela precificação de -46 pontos.
Para o fim de 2023, a curva projeta taxa de 11,81%. Para o Copom de junho, precificação é de manutenção nos atuais 13,75%, mas se o BC estiver alinhado com o pensamento do mercado de que em agosto já é possível começar a baixar a Selic, provavelmente este mês fará um ajuste na sua comunicação para deixar a porta aberta para começar a reduzir a taxa.
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