- Aluguéis por assinatura ganham espaço no mercado por oferecerem pacotes completos que vão além do aluguel e incluem contas e serviços extras
- Contudo, imóveis ofertados por plataformas de assinatura costumam ser mais caros, a partir de R$ 4 mil
- Para a decisão, é necessário analisar o perfil do inquilino: se deseja mobiliado, se preza por evitar a burocracia com documentação ou se deseja imóveis maiores
O mercado imobiliário passa por mudanças e cada vez mais os negócios de aluguéis por assinatura ganham espaço. De um lado, a praticidade: em questões de cliques, você já contrata o pacote completo para morar por um período pré-definido. Por outro prisma, o valor: como ainda não há tanta oferta, os preços costumam ser mais altos.
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O surgimento das plataformas que oferecem serviços por assinatura não é de hoje. Como explica Valter Police Júnior, planejador pessoal financeiro da Fiduc, o primeiro setor a aderir ao modelo foi o automotivo, que notou uma mudança de comportamento na sociedade.
“Houve uma transferência da vontade por propriedade, para um desejo por posse. Antigamente, quando as pessoas faziam 18 anos, queriam comprar um carro. Hoje em dia, isso mudou. Elas querem usar um carro, mas não precisa, necessariamente, estar no nome delas”, afirma.
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Além da mudança de comportamento, no setor imobiliário ainda há um outro elemento que colabora para o boom desses negócios: os novos modelos de trabalho. O antigo “sonho da casa própria” baseava-se em uma trajetória padrão da vida: estudar, casar, se mudar e ter filhos.
“Se antigamente as pessoas tinham uma vida mais previsível, ou seja, entravam em uma empresa e ficavam nela 30 anos, hoje, isso mudou. Às vezes, você é transferido de unidade na mesma empresa ou presta serviço para várias empresas em locais diferentes, além da questão do teletrabalho”, explica.
O que é um aluguel por assinatura
O aluguel por assinatura, em si, não é novidade. Ao pensar que um aluguel tradicional, por meio de imobiliárias, também tem períodos pré-definidos, não há grandes mudanças. Contudo, a diferença está no pacote, que vem incluso com o aluguel.
A maioria das plataformas desse nicho apostam em oferecer o serviço completo: aluguel, internet, água, luz, gás, IPTU e condomínio, tudo junto a um preço fixo mensal. Além das contas e impostos, outras coisas também podem estar inclusas, como serviços de manutenção (encanador e eletricista), diarista, lavanderia compartilhada, entre outros.
Vantagens e desvantagens
Valor versus localização
As ofertas de casas por assinatura têm algumas características específicas, Uma delas, segundo o planejador financeiro, é que esses imóveis normalmente são localizados em regiões bastante nobres. Se por um lado, isso torna o imóvel atrativo, por outro, o deixa mais caro.
Consultada pelo E-Investidor, a startup Charlie, que oferece apartamentos por assinatura, revelou que os valores variam entre R$ 4 mil por mês a R$ 15 mil, dependendo da região.
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Um concorrente do Charlie, a startup Housi, também mostrou que seus valores variam de R$ 4.400, na Avenida Paulista, considerada região nobre de São Paulo, até R$ 8,3 mil, de acordo com as buscas na plataforma.
“Em geral, é um pouco mais caro do que alugar pelo modelo tradicional. Mas, ao meu ver, é uma questão de tempo e de concorrência de mercado. No momento em que houver mais opções, haverá um equilíbrio”, disse o Police Júnior.
Tamanho do imóvel versus comodidade
Outra característica da maior parte desses imóveis por assinatura é que eles tendem a ser menores. Desde que se popularizou os chamados “estúdios”, a opinião se dividiu em relação ao tamanho.
Para o engenheiro de produção, Júlio César Feijó, o tamanho do imóvel foi um ponto crucial para sua escolha. Ele optou por alugar um apartamento de 42 metros quadrados através de uma imobiliária tradicional.
“Eu acho esses estúdios um pouco desconfortáveis, pois muitas vezes é um mesmo ambiente para todos os cômodos da casa. Fica mais difícil de receber visita também”, disse o engenheiro.
Apesar do tamanho normalmente menor, os imóveis por assinatura têm a vantagem de serem todos mobiliados. “Esse ganho de praticidade, tem muito valor. Talvez, pagar um pouco a mais por isso, seja uma economia, porque a pessoa não precisa comprar um monte de coisa”, comentou o planejador financeiro.
Visual e serviços fixos versus personalização
A questão da personalização também entra em cheque na hora da escola. “Se você quer que a casa tenha a sua cara, quando você vai para o lado tradicional, você pode personalizar se não for mobiliado. Na assinatura, no geral, ele tem aquele jeito”, comenta Police Júnior.
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Ainda segundo o planejador, os pacotes de serviços que contemplam água, luz e internet, podem ser vantajoso para quem quer praticidade, mas uma desvantagem para quem desejaria não optar por ter uma internet em casa mais barata, por exemplo.
Praticidade versus burocracia
Em questão de cliques, todo o contrato é feito. Foi isso que elogiou o estudante de sistemas da informação, Felipe Moreira. Ele precisou se mudar para São Paulo em um curto espaço de tempo e, por isso, prezou por evitar ao máximo a burocracia durante essa transição.
“Foi assim que conheci e optei por seguir com o modelo de aluguel por assinatura. Diferente do modelo tradicional, intermediado por imobiliárias, me senti muito mais seguro por ter muito mais visibilidade de todos os gastos, regras e políticas no modelo de assinatura. Além disso, a burocracia neste novo modelo era muito menor.
O planejador financeiro concorda com a visão. Segundo Police Júnior, comparando com imobiliárias tradicionais, há uma modernidade no trato. “Muitas vezes, você faz tudo por aplicativo, é muito rápido, com processos mais claros. Essa velocidade ajuda muita gente que quer um negócio prático e quer fugir daquilo de ‘precisa enviar três cópias autenticadas de tal documento’.”
Reajustes pré-determinados versus preços fixos
No modelo tradicional, há as cláusulas de reajustes atrelados ao IGP-M ou IPCA todo ano. “Para mim, isso é uma desvantagem do modelo tradicional. Essas cláusulas são típicas de países que têm hiperinflação, o que não é o nosso caso há 30 anos”, explica o planejador financeiro.
Ele ainda cita que, no modelo de assinatura, o preço é fixo. Contudo, ele acrescenta sobre tudo poder ser acordado com as imobiliárias tradicionais e dá a dica: “Antes de fechar o contrato”.
Como se planejar para morar por assinatura?
A dica do planejador é que, seja a escolha por aluguel tradicional ou por assinatura, as pessoas precisam ter em mente que o dinheiro da locação irá sair todo mês em qualquer circunstância. “A segurança do fluxo desse dinheiro tem que ser muito maior”, diz.
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A exemplo, ele cita uma pessoa jovem que quer sair da casa dos pais para morar sozinho. “Normalmente, essa segurança precisa vir de dois lados: da renda, que comporte esse pagamento sem te deixar apertado até que você caia no cheque especial; da reserva financeira, que a gente indica para que gire em torno de seis a oito vezes o seu custo mensal”, pontua.