- A venda da Braskem se arrasta desde 2019. Atualmente, um grupo de cinco grandes bancos têm ações da Braskem em suas mãos, que foram dadas em garantia por empréstimos concedidos à Novonor (ex-Odebrecht e em recuperação judicial)
- A mais nova concorrente na disputa pela petroquímica é a J&F, holding dos irmãos Batista dona da JBS (JBSS3), que vai concorrer com o fundo norte-americano Apollo, a petroleira de Abu Dabhi Adnoc e a brasileira Unipar (UNIP6)
- Fontes envolvidas nas conversas acreditam que, agora, a venda pode sair de fato
A J&F, holding dos irmãos Batista dona da JBS (JBSS3), já está em conversas com bancos para articular uma proposta pela Braskem (BRKM5) e concorrer com o fundo norte-americano Apollo, a petroleira de Abu Dabhi Adnoc e a brasileira Unipar (UNIP6) na briga pela petroquímica. Um grupo de cinco grandes bancos têm ações da Braskem em suas mãos, que foram dadas em garantia por empréstimos concedidos à Novonor (ex-Odebrecht e em recuperação judicial).
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O interesse da J&F na petroquímica é conhecido desde o ano passado e se trata de um comprador potencial de relevância, pela capacidade financeira do grupo. Mas Apollo e Adnoc não ficam atrás. A petroleira árabe é uma das maiores do mundo e a Apollo tem experiência na gestão petroquímica, pois no passado teve participação relevante na LyondellBasell. A petroquímica Unipar está totalmente desalavancada, ou seja, sem dívidas, mas é um concorrente menor, com uma receita bastante inferior a da Braskem.
“A J&F está no jogo”, disse um banco credor. Alguns interlocutores do mercado lembram que a JBS, o principal negócio da J&F, já é muito robusta e não tem mais como crescer exponencialmente em proteínas. Por isso, diversificar é uma estratégia interessante.
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Bradesco (BBDC3; BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) querem recuperar o máximo possível dos cerca de R$ 15 bilhões que a Nonovor deve a eles com essa venda. Por isso, a melhor oferta envolve além de um menor desconto, a solidez financeira do futuro dono da Braskem, já que qualquer um deles será financiado pelos próprios bancos credores.
Ponte com o governo
Tanto a proposta da Apollo/Adnoc, quanto a da Unipar preveem que parte da dívida dos bancos será trocada por uma nova. Entra na análise ainda a capacidade de articulação com o governo, já que o entendimento maior é de que a Petrobras (PETR3; PETR4) deve, no mínimo, manter a sua fatia atual e não exercer o direito de compra da participação da Nononor.
A gestora norte-americana e os árabes têm feito interlocuções com peças-chave do atual governo, a começar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passando pela Petrobras e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A venda da Braskem se arrasta desde 2019, mas para fontes envolvidas nas conversas, agora pode sair de fato. “Acho que nesse momento o negócio tem tração e todas as partes querem resolver, bem diferente de 2019”, disse um interlocutor, citando que é preciso uma negociação com bancos públicos, privados, com o governo e com a família Odebrecht, o que exige capacidade de articulação. Para este executivo, a Petrobras não é compradora da empresa, pois o setor seria novamente estatizado.
O sócio Fundador da MaxiQuim, João Luiz Zuñeda, diz que a Petrobras tem um papel muito importante nesta equação, uma vez que ajudou a consolidar a petroquímica para chegar a seu tamanho atual. “Tem ainda uma questão econômica e, sendo a Petrobras uma estatal, sempre há a possibilidade de ter um componente político nesta decisão”, disse.
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