- A recente queda do dólar e do preço do petróleo foram os principais fatores que ajudaram a empresa a ter ganhos expressivos
- O movimento de recuperação também tem relação com a reestruturação da dívida e passos da companhia que reduziu os compromissos financeiros de médio e longo prazo
As ações da Azul (AZUL4) ganham destaque na Bolsa de Valores brasileira na reta final do semestre com alta de 92,9% no acumulado do ano, a maior valorização de 2023. A rentabilidade do papel desperta a atenção dos investidores que buscam entender se o movimento de recuperação sinaliza uma oportunidade de investimento.
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Na avaliação de especialistas, a queda do preço do dólar frente ao real e a melhora nos resultados operacionais, em virtude do seu modelo de negócio, ajudaram as ações da empresa dispararem ao longo do ano.
Segundo Flávio Conde, head de renda variável da Levante Ideias de Investimentos, a companhia aérea tem mostrado aos investidores uma recuperação significativa dos seus resultados desde a pandemia. As projeções feitas pelo analista apontam, por exemplo, que a empresa deve entregar uma Ebitda, indicador que mede o desempenho operacional, de R$5,5 bilhões neste ano. O volume corresponde a um crescimento de 52% em relação ao volume entregue em 2019, período pré-pandemia.
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Esse bom desempenho tem relação ao seu modelo de negócio que, para Conde, consegue ser mais sustentável do que os seus pares no mercado. “É a empresa que tem a frota mais diversificada e flexível para atender todo o Brasil. Então, consegue realizar rotas que nenhuma outra empresa consegue fazer por causa dos custos”, cita o analista ao falar uma das vantagens estratégicas da Azul.
Vale destacar que, nos dados referentes a maio, o tráfego de passageiros da companhia aérea aumentou 8,3% em relação ao mesmo período do ano passado, o que resultou em uma taxa de ocupação de 79,8%. “As tendências para o segundo semestre, que é o mais forte do ano, permanecem favoráveis, com uma alocação de capacidade racional no mercado brasileiro”, informou John Rodgerson, CEO da Azul, em comunicado ao mercado.
Além dos destaques operacionais, a companhia segue com um plano de reestruturação de suas dívidas ao reduzir a obrigação com compromissos de médio e longo prazo de forma significativa.
Queda do dólar e do combustível
A queda do dólar adiciona um otimismo ainda maior para as ações da Azul (AZUL4) e também para a sua concorrente, a Gol (GOLL4), por trazer um alívio nos seus custos operacionais. Como a maioria das despesas do setor é dolarizada, qualquer variação negativa da moeda norte-americana traz perspectivas positivas para as empresas. Foi o que aconteceu ao longo do primeiro semestre de 2023.
De acordo com dados do TradeMap, o dólar Ptax (indicador que representa o preço do dólar) caiu cerca de 8,39% desde janeiro até as negociações de sexta-feira (23). Com a desvalorização, a moeda segue sendo negociada a R$ 4,77, o menor patamar do câmbio desde maio de 2022. A queda do preço do querosene em virtude do efeito cambial e também da queda do petróleo no mercado internacional ajudou ainda mais a aliviar o peso dos custos da companhia em sua receita.
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Segundo Wellington Lourenço, analista da Ágora Investimentos, apenas neste ano, o combustível ficou 35% mais barato para as companhias. “Basicamente, 35% a 40% dos custos das companhias estão relacionados ao combustível. Então, se temos uma queda do dólar e do querosene (que é influenciado pelo dólar), há uma redução significativa dos custos”, diz Lourenço.
Nesta perspectiva, a Ágora Investimentos recomenda a compra das ações da Azul e mantém um preço-alvo de R$ 28, o que representa uma alta de 34,6% em relação ao fechamento do pregão desta segunda-feira (26). Flávio Conde, da Levante, também possui a mesma recomendação, mas ressalta que os investidores devem ter o papel na carteira com perspectiva de longo prazo. “A compra deve ser para o longo prazo para surfar toda essa melhora operacional”, acrescenta o analista que tem um preço-alvo de R$ 25.
Já a XP possui uma recomendação neutra para o papel, embora ressalte que há uma preferência pelas ações da Azul em comparação aos seus pares devido ao seu modelo de negócio. “É um modelo baseado na criação de novas rotas regionais, onde há menor incidência de competitividade”, diz Pedro Bruno, analista de Transportes do Research da XP. A corretora segue com um preço-alvo de R$ 30.