O Bradesco BBI rebaixou a recomendação para as ações da Usiminas (USIM5) de outperform (equivalente a compra) para neutro diante de um cenário desfavorável no curto prazo, com possíveis descontos no preço do aço no mercado doméstico e pressão contínua de custos. O preço-alvo do banco para o papel é de R$ 8,30, o que representa um potencial de alta de 14% ante o fechamento da ação no pregão de ontem.
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Em relatório, os analistas Thiago Lofiego, Isabella Vasconcelos e Camilla Barder destacam ainda que a alocação de capital da empresa continua sendo uma preocupação diante da falta de visibilidade sobre o cronograma e o tamanho de novos projetos (mineração, renovações adicionais de alto-forno, capex ambiental) e há poucas esperanças de dividendos consideráveis no curto e médio prazos.
O banco estima Ebitda de R$ 2,5 bilhões e R$ 3,4 bilhões para a empresa em 2023 e 2024, respectivamente. Os analistas calculam que a ação está sendo negociada com múltiplo de 4,3 vezes o EV/Ebitda previsto para 2023, dentro de níveis justos neste momento.
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A primeira escolha do banco no setor continua sendo a Gerdau, seguida pela Vale e CSN Mineração, todas com recomendação outperform.
Demanda
Os analistas do Bradesco BBI esperam que os embarques de aços planos da Usiminas no Brasil permaneçam “sem brilho”, enquanto as oportunidades de exportação de alta margem parecem ter desaparecido.
A expectativa é de que as montadoras de automóveis no Brasil desacelerem a produção nos próximos meses devido ao programa de incentivo do governo menor do que o esperado e à redução de estoques. Além disso, a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) deve revisar sua orientação de vendas para 2023 de um crescimento de 2,4% em relação ao ano anterior para uma leve queda.
“Em suma, esperamos que os embarques domésticos no segundo e terceiro trimestre da Usiminas permaneçam estáveis em relação aos primeiros três meses do ano, apesar da sazonalidade geralmente mais forte. Para 2023, estamos modelando embarques domésticos de aço 2% maiores em relação a 2022”, afirmam.
Preços
A combinação de um real mais forte (com o dólar abaixo de R$ 4,80) e preços internacionais mais fracos levou o preço doméstico da bobina laminada a quente a ser negociado com um prêmio muito amplo de cerca de 36% em relação ao material importado, bem acima da faixa justa de 10-15%.
“Em nossa opinião, esse nível de prêmio é insustentável, especialmente devido à fraca demanda doméstica. Como tal, vemos espaço para descontos adicionais de preços no mercado doméstico entre 5% e 10%”, afirmam. Os profissionais relatam que um distribuidor contatado pela Platts mencionou que algumas siderúrgicas estão oferecendo descontos especiais de preços dependendo do volume comprado. “Além disso, existe a expectativa de que a disponibilidade de volume de importação deva aumentar no curto prazo (o porto de São Francisco do Sul já possui uma grande quantidade de aço)”, observam.
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