A Kepler Weber ficou em nono lugar no Prêmio Broadcast Empresas, elaborado pela Agência Estado em parceria com a FGV EESP. O ranking destaca as dez empresas de capital aberto que tiveram o melhor resultado para seus acionistas no ano anterior. A Kepler Weber também foi premiada na categoria Small Cap nesta edição.
“Há alguns ventos contra, mas para compensar teremos uma colheita recorde”, disse o diretor Comercial e indicado pelo conselho da empresa para assumir a posição de CEO, Bernardo Nogueira. Até o fim de junho, ele ainda não havia sido oficialmente empossado.
Segundo projeções de maio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve colher na safra 2022/23 um recorde de 313,86 milhões de toneladas de grãos, ou 41,4 milhões de toneladas a mais em relação ao ciclo anterior, avanço de 15,2%. Só de soja são 154,8 milhões de toneladas, ou 23,3% de aumento sobre a safra 2021/22.
Os 41,4 milhões de toneladas suplementares neste ciclo são equivalentes à produção de soja da Argentina inteira, que na última safra colheu 43,3 milhões de toneladas, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Também é maior do que a última colheita de trigo da Ucrânia antes da guerra, de 33 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
“É um volume monstruoso de grãos, mas que, se não for bem movimentado, gera ineficiência na cadeia”, afirmou Nogueira.
A Kepler Weber registrou em 2022 receita recorde de R$ 1,8 bilhão, aumento de 48,1% em comparação aos R$ 1,2 bilhão de 2021.
O Ebitda foi de R$ 568,2 milhões, alta de 135,6% na mesma comparação, com margem Ebitda ajustada de 31,3%, 11,6 pontos porcentuais acima de 2021. Ebitda é a sigla em inglês para “lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”. É um indicador da capacidade de geração de caixa de uma empresa.
O lucro líquido ajustado ficou em R$ 386,2 milhões, com margem líquida ajustada de 21,3%, e 8,2 pontos porcentuais acima do resultado apurado em 2021.
Fórmula
O segredo por trás de um 2022 bem-sucedido foi a empresa estar bem preparada para um período próspero no agronegócio brasileiro, o que de fato se concretizou. “A sorte pegou a Kepler bem preparada”, resumiu o executivo.
Para o futuro CEO, desde a segunda metade de 2020 o agronegócio brasileiro vem passando por um período que ele considera pujante. Alguns fatores contribuíram para que a Kepler Weber se sobressaísse no ano passado: o salto nas cotações das commodities agrícolas, combinado a juros atrativos para custeio da safra e investimentos no período, como em armazenagem, bem como a cobertura de toda a cadeia produtiva, desde o contato com o agricultor até a chegada aos terminais portuários.
Diante dos bons resultados, a própria companhia investiu. Apenas em 2022, foram construídos mais dois centros de distribuição, totalizando sete nos Estados do Maranhão, Pará, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. Conforme Nogueira, nos próximos 15 anos, a empresa, que completa 100 anos em 2025, terá que fabricar a quantidade de sistemas de armazenagem que forneceu nos últimos 50 anos, tamanho o potencial de crescimento que enxerga para o agronegócio brasileiro. “A gente tem muita sorte de ser brasileiro e estar no agronegócio”, comemorou o executivo.
Tecnologia e financiamento
A conclusão da compra da Procer, empresa líder em tecnologias para conectividade de silos, com soluções que utilizam Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), deve contribuir para a Kepler Weber ampliar sua cobertura neste novo segmento. A operação abre caminho para a empresa cobrir mais de 80% do mercado agrícola brasileiro, afirmou Nogueira, durante teleconferência de resultados do primeiro trimestre, no fim de abril.
O diretor Financeiro (CFO) da Kepler, Paulo Polezi, lembrou também do Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) lançado recentemente pela Kepler Weber, junto com o BTG Asset e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na tentativa de dar a produtores e empresas mais opções de financiamento de projetos de armazenagem, ainda que com taxas de juros mais altas do que as linhas governamentais. As últimas, porém, têm limitação de recursos.
A expansão da capacidade de armazenagem de grãos no País ainda é muito dependente de linhas do governo com taxas de juros equalizadas e, por isso, mais baixas do que as do mercado. “Hoje nós temos esse diferencial: clientes querendo fazer esse investimento e que, na falta de recursos do governo, não vão ficar sem (crédito), porque nós temos recurso para também oferecer financiamento”, disse Polezi.