- Fatores microeconômicos das varejistas foram os que mais impulsionaram as altas no semestre
- Bolsa brasileira ganhou fôlego e chegou a ultrapassar os 120 mil pontos, o que também impulsionou as empresas
As varejistas listadas na Bolsa de Valores somam ao todo 53 companhias, sendo que 19 estão no Ibovespa. A Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, realizou um levantamento exclusivo para o E-Investidor, em que aponta quais são as maiores altas do varejo na Bolsa no primeiro semestre.
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Para Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, os fatores micros das varejistas, como balanços, mudanças na operação e vendas de ativos, foram os que mais impulsionaram as altas neste semestre, reforçados por fatores macroeconômicos, como a apresentação do arcabouço fiscal e a sinalizações de um provável início de corte de juros em agosto.
Assim, a Bolsa brasileira ganhou fôlego e chegou a ultrapassar os 120 mil pontos, o que também impulsionou empresas como C&A (CEAB3), que aparece como o destaque positivo.
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Os principais destaques dos especialistas
C&A (CEAB3)
A campeã de valorização no primeiro semestre de 2023 foi C&A (CEAB3), cuja ação avançou 127,51%. Na última sessão, desta quinta-feira (29), o papel fechou cotado a R$ 5,48. “A C&A apresentou um resultado muito bom no quarto trimestre de 2022, que foi divulgado no começo do ano. Depois desse resultado, a ação começou a performar muito bem”, explicou Galindo. A companhia reportou um lucro líquido de R$ 212,9 milhões, uma alta de 37,9% em relação aos últimos três meses de 2021.
André Fernandes, head de Renda Variável e sócio da A7 Capital, também comenta sobre a C&A estar muito descontada em relação às suas principais concorrentes, Lojas Renner (LREN3) e Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo. “O desconto que ela tem em relação à Renner chega a ser quase 50%”, diz.
“Boa parte desse desconto se deve aos maus resultados que ela vinha entregando em 2021 e ao longo de 2022. Mas em 2023, ela acabou mudando a história, como na parte de crédito. Ela utilizava o banco Bradesco para dar crédito aos clientes, mas eles retiraram esse intermediário e assumiram essa parte, com uma nova carteira de crédito”, explicou.
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Enquanto isso, sua concorrente, Lojas Renner, sofre com inadimplência por conta do crédito que ela ofereceu principalmente no ano de 2020, diz Fernandes. “A Renner está com uma exposição acima de R$ 1 bilhão e sofrendo com inadimplência. Já a C&A está com uma exposição entre R$ 500 a 600 milhões, com uma baixa inadimplência, o que refletiu positivamente no balanço dela”.
Grupo Natura (NTCO3)
Outro destaque comentado pelos profissionais é o Grupo Natura (NTCO3), que é a única entre as top 5 altas que faz parte do índice. No levantamento da Quartzed, a empresa valorizou 49,18% em seis meses. Ao final da última sessão, desta quinta-feira (29), a ação estava cotada a R$ 16,83.
A companhia foi pauta neste semestre, especificamente em abril, pela venda da Aesop, marca de cosméticos de luxo, para L’Oréal por US$ 2,525 bilhões. A transação, segundo a Natura, serviu para suportar a desalavancagem financeira da companhia e posicioná-la para focar em suas prioridades estratégicas, como na otimização geográfica da Avon Internacional.
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“A Natura era uma das empresas que mais tinham caído em 2022 e acho que boa parte da recuperação dela virá das mudanças micro que estão ocorrendo, que o mercado acabou gostando, como a venda desse ativo bem relevante”, disse Galindo.
Contudo, Fernandes, da A7 Capital, também chama a atenção ao fato do mercado ter reagido bem no primeiro momento, mas depois ter ficado com receio, já que a Aesop era “um dos poucos ativos que a Natura tinha que estava dando resultados positivos para a empresa”.