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Primeiro semestre de 2023 no Ibovespa: vale a pena investir nas maiores altas?

A campeã de valorização é a Azul (AZUL4), com alta de 98,55%. Veja a análise de especialistas

Primeiro semestre de 2023 no Ibovespa: vale a pena investir nas maiores altas?
Avião da Azul, uma das principais companhias aéreas brasileiras. Foto: Fabio Motta/Estadão
  • As ações que configuram entre as maiores cinco altas do Ibovespa no semestre, já estiveram entre as cinco maiores baixas. Essa reviravolta pode ser explicado mais por fatores macros, do que micros, por isso é preciso atenção
  • Entre a maior alta dos seis primeiros meses, está Azul (AZUL4), que avançou 98,55%, cotada a R$ 21,86 no último pregão
  • Setor aéreo se destaca com Azul (AZUL4) e Gol (GOL4) nas maiores altas, devido à queda do dólar e do preço do queroseno

O fim do primeiro semestre de 2023 reforçou que a Bolsa de Valores não é para amadores. As empresas que estão entre as maiores altas do Ibovespa no acumulado do período, antes estavam entre as maiores quedas da Bolsa, aponta Jadye Lima, economista e operadora de renda variável na WIT Invest. Nesta reportagem, veja qual foi o investimento mais rentável do semestre

Essa mudança de cenário, segundo a especialista, serve para mostrar ao investidor que é necessário atenção e cautela na hora de escolher as ações que entrarão na sua carteira, já que as altas podem estar ligadas a fatores macros e não da companhia em si.

“Esses movimentos requerem uma análise mais aprofundada sobre os riscos que representam e as motivações das altas atuais, pois muitas vezes elas podem estar vinculadas ao movimento de mercado e pouco ancoradas nos fundamentos das empresas”, afirma.

  • Leia aqui: Ibovespa tem melhor performance mensal em mais de 2 anos

Para saber se vale a pena investir ou não nessas empresas, o perfil e objetivo de cada investidor deve ser analisado, já que a renda variável está muito sujeita riscos e uma somatória de questões que devem ser analisadas.

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“Os retornos auferidos não representam necessariamente a tendência de alta daqui para frente. É importante que o investidor entenda os riscos e volte nas razões individuais de comprar uma ação para entender se essas informações estão de acordo com esses princípios ou não”, diz.

As 5 maiores altas do Ibovespa no semestre

Ao E-Investidor, a Ágora Investimentos realizou uma pesquisa que mostra as maiores altas do Ibovespa do dia 2 de janeiro a 30 de junho. Em ordem, estão Azul (AZUL4), Yduqs (YDUQ3)Gol (GOOL4), IBR Re (IRBR3) e Cyrela (CYRE3). Confira os principais comentários sobre cada uma.

Azul (AZUL4)

Como campeã do ranking, aparece uma das maiores companhias aéreas brasileiras, a Azul (AZUL4), que avançou 98,55% no 1S23, cotada, nesta sexta-feira (30), a R$ 21,86. Para Lima, as razões da alta podem ser atribuídas à normalização da demanda pelo transporte aéreo, bastante impactado pela pandemia, somado a outros dois aspectos.

“O primeiro são os recentes incentivos fiscais com o programa Voa Brasil, que visa otimizar a ocupação nos voos. Em segundo lugar, podemos atribuir ao real que se apreciou frente ao dólar, e consequentemente, contribui para reduzir os custos da companhia”, diz.

Ao olhar os indicadores fundamentalistas, a economista destaca o P/L negativo, que indica que a empresa está operando no prejuízo. “Por essa e por outras razões, a maior parte das casas de análise tem recomendação neutra para a ação”, complementa.

“Os principais riscos da tese, segundo analistas, são a concorrência cada vez mais intensa que reduz a margem da companhia, a depreciação cambial e o aumento do preço do petróleo que impactaria os custos nos transportes”, explica.

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Projeção XP (XPB31):

  • Preço-alvo R$ 30
  • Risco 56 em uma escala de 0 a 100

Yduqs (YDUQ3)

Em segundo lugar, com um avanço de 94,89% nos seis primeiros meses, vemos a Yduqs (Yduq3), cotada a R$ 19,82 nesta sexta. A Yduqs é uma das maiores empresas de educação superior do Brasil, em termos de quantidade de alunos, e teve grande impacto negativo nos últimos anos por conta da pandemia e dos juros altos, o que explica uma correção.

“O setor de educação foi muito prejudicado pela pandemia, e as ações ainda ofereciam um prêmio a ser capturado pelos investidores. Além disso, no começo do mês a companhia anunciou um aumento de posição por parte de investidor estratégico, o que pode ter contribuído para uma maior visibilidade dos ativos, combinado com um ambiente relativamente mais favorável para teses de duração mais longa, a partir do cenário de corte dos juros”, avalia a Ágora.

Lima, por sua vez, volta o olhar para os fatores micros da empresa. Segundo a economista, o P/L (Preço/Lucro) da empresa está em níveis bastante altos, o que em uma tradução livre, significa que a empresa está cara. Já o ROE (retorno sobre patrimônio), mostra baixa eficiência da empresa, aponta a especialista. Contudo, apesar desses fatores micros, ela cita que a maior parte das casas de análises têm recomendação de compra para o ativo.

“Os principais riscos são o cenário macro, um crescimento econômico abaixo do esperado, que pode impactar na renda e no emprego. Além disso, a concorrência e tecnologia, cada vez mais em evolução no setor; e alguma mudança nos benefícios fiscais como, por exemplo, no Programa Prouni, também impactaria”, destaca.

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Projeção XP (XPB31):

  • Preço-alvo R$ 23,50
  • Risco 43 em uma escala de 0 a 100

Gol (GOLL4)

Pioneira no modelo de transporte aéreo de baixo custo na América Latina, a Gol (GOLL4) está na terceira colocação das maiores altas do semestre, com um avanço de 79,43%, cotada a R$ 13,17 nesta sexta (30).

Para a Ágora, o forte recuo do dólar no mês, além do anúncio da redução de 12,6% no querosene de aviação pela Petrobras, favoreceram a redução dos custos operacionais e recomposição das margens.

“Grande parte dos analistas tem recomendação neutra para a ação. Os fundamentos também chamam a atenção negativamente, o P/L da companhia está negativo e o ROE não surpreende”, completa Lima.

Projeção XP (XPB31):

  • Preço-alvo R$ 22
  • Risco 57 em uma escala de 0 a 100

IRB (IRBR3)

Na quarta posição, está IRB Re (IRBR3), resseguradora com mais de 84 anos de história. No primeiro semestre de 2023, ela apresentou alta de 68,8%, cotada a R$ 43,55 na última sessão de junho.

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Os motivos do destaque, segundo Lima, estão atrelados ao juros altos até então, que se matém em 13,75%. “O setor de seguros é um dos que mais se beneficia do ambiente de juros altos”, diz.

Contudo, sobre os fatores micros, a especialista relembra que os escândalos de governança que a empresa passou em 2020, impactaram sua imagem e colocou em xeque a confiabilidade dos indicadores fundamentalistas.

A IRB também possui P/L negativo, bem como seu indicador de eficiência ROE. A maior parte do consenso de mercado tem recomendação neutra para a ação.

Projeção Eleven (XP não projeta preço-alvo para IRB):

  • Preço-alvo R$ 42

Projeção XP (XPBR31) para risco:

  • Risco 29 em uma escala de 0 a 100

Cyrela (CYRE3)

Por último, está a Cyrela (CYRE3), uma das maiores empresas do ramo imobiliário do País. Ela apresentou no primeiro semestre de 2023 uma valorização de 59,38%, cotada a R$ 20,13 na última sessão de junho.

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Segundo a Ágora, o forte fechamento nas curvas de juros no primeiro semestre beneficiou as empresas de construção civil, principalmente a Cyrela, em função da elevada liquidez na Bolsa. “Ela está como principal escolha do investidor estrangeiro para se posicionar no setor na B3”, comenta a casa.

Somado a isso, a Ágora analisa que a queda dos juros torna as linhas de crédito imobiliário mais acessíveis, o que impacta positivamente a demanda das construtoras, além de trazer menos atratividade para investimentos em renda fixa. “Isso faz com que investidores busquem outras alternativas mais rentáveis, e a compra de imóveis para especulação ou como forma de renda recorrente via aluguéis, volta a ser uma opção interessante”, afirma.

Ou seja, assim como para Yduqs, o ambiente de juros altos acaba impactando diretamente a atividade do setor, pois o custo de financiamento fica mais caro e prejudica a demanda. Como os dados econômicos desse semestre foram positivos, o setor ganhou fôlego, mostra Lima.

“Nos últimos meses, o indicador macroeconômico relevante no modelo de negócios da companhia, o IGP-M (conhecido como a inflação do ramo imobiliário), mostrou um arrefecimento nos dados reportados, inclusive com deflação, isso torna o investimento em imóveis mais atrativo o que beneficia positivamente as projeções da empresa”, explica.

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Somado a isso, a diversificação do portfólio de negócios da Cyrela, que está focando em média e baixa renda, vêm captando as atenções dos investidores. Em função desse modelo, a maior parte dos analistas tem recomendação de compra para a empresa.

“[Contudo], os indicadores fundamentalistas como o P/L mostram que as cotações atuais não estão tão baratas com relativo nível de eficiência e ROE de 11%”, diz Lima.

“Os principais riscos são os custos que podem impactar a curto prazo, o menor poder de precificação, com taxas de juros imobiliárias mais altas afetando o poder de compra; e a concentração no mercado de São Paulo, onde há outros players que podem pressionar os preços”, conclui.

Projeção XP (XPB31):

  • Preço-alvo R$ 26
  • Risco 44 em uma escala de 0 a 100

 

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